São Paulo, sexta, 26 de setembro de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Clinton participa de ato em colégio do Arkansas que há 40 anos sofreu intervenção federal
Escola foi forçada a aceitar negros

de Washington

As seis negras e três negros que em 25 de setembro de 1957 entra ram no Colégio Central de Little Rock sob a guarda de 1.200 sol dados do Exército e sob as vaias e cusparadas de centenas de mora dores brancos da capital de Ar kansas, sul dos EUA, retornaram ontem à escola e encontraram a sua porta sendo aberta pelo pre sidente do país, Bill Clinton, que há 40 anos estudava na sexta sé rie primária em Hot Springs, 80 km dali.
Diante de 2.000 convidados, Clinton disse: "A segregação não é mais a lei, mas com muita frequência, a separação ainda é a regra (nos EUA)". O governa dor de Arkansas, Mike Hucka bee, afirmou: "O que aconteceu aqui há 40 anos foi simplesmente errado. Nós precisamos ter cer teza de que isso não aconteça nunca, nunca, nunca mais".
Um contraste radical em rela ção ao que dizia seu antecessor Orval Faubus em 1957: "Segre gação ontem, segregação hoje, segregação sempre". Faubus, que governou Arkansas de 1955 a 1967, resistiu durante nove me ses a cumprir ordem da Justiça federal para que os nove estu dantes negros fossem admitidos no Colégio Central. Foi necessá ria a intervenção do presidente Dwight Eisenhower para ela ser obedecida.
Hoje, cerca de dois terços dos estudantes negros de Little Rock frequentam escolas públicas com maioria negra, devido ao processo de volta da segregação que vem ocorrendo em todo o país desde 1981.
Clinton atacou essa tendência ontem: "Um número excessivo de comunidades hoje são só brancas, só negras, só latinas, só asiáticas. De fato, muitos nor te-americanos de todas as raças começam realmente a abando nar a idéia de integração", afir mou o presidente, que estudou em escolas segregadas até chegar à Universidade Georgetown, em Washington, em 1965.
"O que aconteceu aqui há 40 anos mudou o curso da história deste país para sempre", disse Clinton. Mas "ainda há discri minação, e isso é errado, e deve mos acabar com isso não só com nossas vozes, mas com nossas leis". (CELS)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.