São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO NOS EUA / VAI-NÃO-VAI

McCain mantém suspense sobre debate

Obama confirma que vai ao encontro de hoje e diz que espera presença do rival

Universidade do Mississippi afirma que os preparativos para o debate, o primeiro da campanha, estão de pé; tema é política externa


Win McNamee/Getty Images/France Presse
Alunos da Universidade do Mississippi dublam McCain e Obama em preparativos para o debate

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O candidato republicano à Presidência dos EUA, John McCain, mantinha até ontem à noite o suspense sobre sua presença no debate de hoje com o rival democrata, Barack Obama -o primeiro dos três previstos até a eleição de 4 de novembro.
Obama e McCain se encontraram na Casa Branca, na reunião em que foi discutido o pacote econômico proposto há sete dias pelo governo de George W. Bush. Obama confirmou sua presença no encontro na Universidade do Mississippi, em Oxford, independentemente do comparecimento do rival.
"Espero que ele vá", disse o democrata. "É em momentos como este que os eleitores precisam ouvir os candidatos."
McCain não confirmou, mas tampouco descartou a possibilidade de comparecer.
"Tenho esperança de que possamos [ir ao debate]. Acredito que é possível ter um acordo [no Congresso, sobre o pacote econômico] a tempo para que eu possa ir ao Mississippi."
McCain anunciou na quarta-feira que suspenderia sua campanha e sugeriu o adiamento do debate de hoje, cujo tema previsto é segurança nacional e política externa. Ele afirmou que só iria ao debate se um acordo sobre o plano da Casa Branca tivesse sido fechado -o que chegou a ser anunciado pelos congressistas ontem à tarde, mas foi colocado em suspenso outra vez à noite. Democratas acusaram McCain de ter trabalhado para impedir o fechamento do acordo.
Na Universidade do Mississippi, a preparação para o debate continuava. Foram divulgadas na TV imagens de equipes tanto de Obama quanto de McCain realizando testes técnicos nos telões e microfones do auditório do debate. A universidade informou que não tem um "plano B" e confia em que o evento acontecerá.

Risco e oportunidade
Com a disputa acirrada, o debate poderia ser um ponto de virada na corrida presidencial. Se for bem, Obama poderá consolidar e aumentar a vantagem que detém atualmente. Mas analistas dizem que, ao contrário do que acontece em discursos, em debates ele tem dificuldades em criar empatia, por sua tendência de intelectualizar o debate e agir como professor.
O democrata tende a dar respostas longas que servem pouco às reportagens de TV. Também não é percebido como alguém que improvisa bem.
McCain, considerado forte em temas de defesa nacional, teria chance de se recuperar. Pesquisa "New York Times"/ CBS divulgada ontem mostra que os eleitores acreditam que ele é mais versado em relações exteriores do que o rival (45% a 22%). Outros 48% dizem que o republicano muito provavelmente seria um bom comandante-em-chefe, contra 27% que dizem o mesmo de Obama.
Mas a pesquisa também indica que, em relação ao manejo da Guerra do Iraque, Obama e McCain são considerados igualmente aptos. E a maior parte dos ouvidos concorda com a proposta de Obama de, caso eleito, se encontrar com líderes internacionais considerados hostis (73%). No cenário geral, as intenções de voto favorecem Obama (48% a 43%). A margem de erro é de três pontos em qualquer direção.
Já tendo mirado a Presidência antes, McCain tem mais experiência em debates como o de hoje do que Obama, e é visto como tendo boa dose de agressividade e uma tendência positiva ao humor. Ele usa frases curtas e verbos de ação para projetar força, e usa linguagem coloquial e simples.
Mas, também para McCain, o debate é um risco: na conjuntura atual é inevitável que a economia invada a discussão, caso o debate seja realizado, e esse é um assunto em que ele mesmo admite ter conhecimentos limitados. Depois de exibir uma série de contradições em suas posições na última semana, ele viu sua campanha ser ameaçada pela queda nas pesquisas.
O anúncio de McCain de suspender a campanha foi alvo de novas críticas ontem.
A própria suspensão foi questionada. Foram mantidos no ar comerciais de TV republicanos; a candidata a vice de McCain, a governadora do Alasca, Sarah Palin, participou de visitas, falou com a imprensa e enviou e-mails de campanha a simpatizantes.
Ainda na quarta-feira, poucas horas depois da decisão de McCain ser anunciada, o diretor de sua campanha, Rick Davis, foi a um jantar com arrecadadores em Nova York.


Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.