São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Putin propõe cooperação nuclear a Chávez

Anúncio mira Washington, cujas relações com Moscou vêm se deteriorando desde o conflito na Geórgia, em agosto

Premiê e venezuelano firmam "maior consórcio petrolífero do planeta", entre Gazprom e PDVSA, e acordo de compra militar

DA REDAÇÃO

O ex-presidente e atual premiê russo, Vladimir Putin, recebeu ontem o mandatário venezuelano, Hugo Chávez -em sua segunda visita oficial ao país em apenas dois meses-, e se disse disposto a desenvolver um programa de energia nuclear pacífico com o país sul-americano, além de estreitar a cooperação nas áreas energética, militar e tecnológica.
O anúncio é mais uma medida do Kremlin que desafia os EUA e mais uma envolvendo o desafeto de Washington na sua histórica zona de influência, a América Latina. Os dois países vêm em uma escalada recíproca de deterioração de relações desde o rápido conflito entre a Rússia e a Geórgia, aliada americana, no início de agosto.
Nesta semana, a Rússia cancelou um encontro paralelo à Assembléia Geral da ONU, entre os cinco membros do Conselho de Segurança mais a Alemanha, para discutir novas sanções ao Irã devido justamente ao seu programa nuclear, que a Casa Branca diz ter fins militares.
Recentemente, dois bombardeiros russos fizeram manobras militares a partir de bases venezuelanas e, neste momento, uma frota de navios de guerra dirige-se à Venezuela para exercícios conjuntos no Caribe em meados de novembro.
Putin e Chávez anunciaram também o que o venezuelano chamou de "o maior consórcio petrolífero do planeta", liderado pelas gigantes estatais de gás e petróleo Gazprom (russa) e PDVSA (venezuelana). "A Gazprom prevê para fins de outubro a primeira sonda no golfo da Venezuela", disse Putin.
Moscou deverá liberar ainda um financiamento de US$ 1 bilhão para a compra de armamentos russos por Caracas. Desde 2005, a Venezuela gastou US$ 4,4 bilhões com a aquisição de aviões e helicópteros militares e 100 mil fuzis Kalashnikov russos e tem interesse em obter submarinos. Fala-se também na criação de um banco binacional.
Putin disse que a Rússia, a partir de agora, "prestará mais atenção na América Latina, que se tornou um importante elo da criação de um mundo multipolar". "Hoje, mais do que nunca, tudo o que se falou sobre o mundo multipolar é uma realidade. Não percamos tempo", devolveu Chávez ao premiê.
Hoje, Chávez encontra o presidente Dmitri Medvedev em cidade próxima ao Azerbaijão e, depois, parte para visita oficial ao francês Nicolas Sarkozy.


Com agências internacionais


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