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Indecisão se consolida na reta final
JIM DWYER
DO "NEW YORK TIMES"
Seria difícil Mary Ellen Bower
deixar de perceber os indícios de
que o mês de outubro está quase
no fim e que está quase esgotado o
prazo para ela tomar uma decisão
sobre seu voto na eleição presidencial. Nas ruas de sua cidade
-Ambler, Pensilvânia, um subúrbio simpático a noroeste da
Filadélfia-, abóboras e fantasmas de Halloween enfeitam os
gramados das casas, muitas vezes
intercalados com cartazes de
Kerry/Edwards ou Bush/Cheney.
E é mais ou menos assim que
Bower, 41, se sente: intercalada
entre os candidatos. Mãe de duas
crianças pequenas, ela é enfermeira e trabalha num hospital. Enquanto conversa sobre a eleição,
na entrada de sua casa, seu filho
Thomas, 5, espera para ser levado
à aula de tae-kwon-do.
Bower votou em George W.
Bush em 2000, mas disse que hesita em repetir a dose. Ela está preocupada com o custo alto da saúde.
Para ela, a Guerra do Iraque dividiu os EUA, a um custo muito alto. Mesmo assim, ela é cética em
relação ao senador John Kerry e o
que ele poderia fazer na Presidência. O que a preocupa, sobretudo,
é a idéia de a liderança nacional
mudar enquanto há soldados
americanos servindo no exterior.
"Converso com muitas pessoas
que têm o mesmo sentimento",
disse ela. "Sentimo-nos pressionados e puxados de um lado para
outro. Às vezes acho que nós, os
indecisos, somos a maioria."
Na realidade, porém, os indecisos formam uma minoria pequena em número, mas crucial em
termos de seu peso eleitoral.
A nação americana tomou partido na disputa presidencial desde
muito cedo no processo, e as pesquisas indicam que apenas 5%
dos prováveis eleitores ainda não
têm certeza de sua preferência.
Embora os indecisos formem
uma parte muito pequena do eleitorado, é possível que determinem o resultado do pleito, isso
porque a disputa está muito apertada nos Estados ainda indecisos.
Em eleições passadas, já aconteceu de um bloco de indecisos ter
optado pela oposição. Mas isso
não acontece sempre. "Desta vez,
não está claro o que acontecerá",
disse Celinda Lake, que faz pesquisas para grupos democratas.
"Isso porque os indecisos, embora não estejam satisfeitos com a situação do país, estão à procura de
um líder forte e têm dúvidas
quanto a ambos os candidatos."
De acordo com Matthew Dowd,
estrategista da campanha Bush-Cheney, os eleitores indecisos são
aqueles que têm a maior probabilidade de ser entre moderados e
conservadores, o que significaria
que ou não irão votar ou irão se
dividir entre os dois candidatos.
"Não existem eleitores liberais indecisos", disse Dowd.
Em conversas com eleitores indecisos na Pensilvânia e em entrevistas com eleitores em cinco Estados indecisos, muitos disseram
que já têm um candidato em vista,
mas que ainda não tomaram uma
decisão final. Tanto quanto qualquer outra questão isolada, os riscos de uma mudança -ou o risco
de deixar as coisas continuarem
como estão- freqüentemente
emergiu como tema. E parece que
o que está atrasando sua tomada
de decisão não é uma escassez de
opiniões, mas o excesso delas.
Nenhum dos entrevistados
achou que os EUA estão avançando num rumo inequivocamente
correto. A maioria concorda que a
Guerra do Iraque parece ter sido
um erro. Mesmo assim, muitos
temem que mudar de presidente
durante um envolvimento militar
complicado poderia enfraquecer
as tropas ou tornar o país mais
vulnerável a terroristas. Os cortes
nos impostos feitos por Bush deixaram alguns dos eleitores perplexos, mas foram recebidos com
grande satisfação por outros.
"Ultimamente parece que eu
mudo de opinião a cada momento", comentou Victoria Lichtman,
50, de Delray Beach, Flórida. Ela
comentou que o presidente, em
quem não votou em 2000, está
tendo mau desempenho no que
diz respeito ao ambiente, exatamente como Kerry afirmou.
Lichtman afirmou ainda que a
guerra lançada por Bush é muito
triste, mas perguntou se não é
possível que Kerry vá longe demais no rumo oposto.
Em St. Louis, o professor de história Doug Newton, 37, disse que
ainda se inclina a votar em Bush.
"O cimento ainda está um pouco
mole", explicou. "Qualquer coisa
poderia acontecer. Sou a favor de
nossos atos no Iraque, apesar de
não terem sido encontradas armas de destruição em massa e
apesar de que é possível que nunca o sejam. Sinto que sei o que
Bush representa, conheço suas
posições. Para mim, Kerry é mais
o tipo de sujeito que é do contra."
Newton declarou que, para ele,
a segurança é uma questão crítica.
"É por isso que tendo a tomar o
partido dos veteranos e que optei
por Gore em 2000", disse ele. Embora Kerry tenha servido na Marinha, Newton disse ter algumas
dúvidas quanto a sua disposição
de desafiar a opinião mundial.
Kimberly Parmer, 33, de Michigan, opinou que a ênfase sobre segurança nacional distorceu a
campanha. ""Não acho que o terrorismo seja uma ameaça tão
grande quanto todo o mundo está
dizendo que é", disse Parmer. "O
Iraque é importante, mas também são importantes coisas como
a seguridade social. Nenhum dos
dois candidatos realmente falou
desses assuntos, porque, seja o
que for que fizerem a respeito,
ninguém ficará contente."
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