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Realidade iraquiana solapa plano do Pentágono
MICHAEL R. GORDON
DO "NEW YORK TIMES", EM BAGDÁ
Para tentar obter apoio à política americana no Iraque, o
general George Casey disse ser
possível que as forças iraquianas assumam a segurança do
país em 12 ou 18 meses. Mas a
meta parece muito distante.
Nas ruas violentas de Bagdá, as
forças americanas são mais numerosas que as iraquianas.
Com a violência sectária, a
insurgência sunita mais poderosa do que nunca e um dispositivo estatal de segurança que
continua sem poder deslocar
forças suficientes e motivadas,
a meta de Casey parece cada
vez menos realista.
Em teoria, o Iraque tem efetivos consideráveis de segurança. São mais de 277 mil soldados e policiais, segundo o Pentágono, entre os quais 115 mil
soldados no Exército. Mas esses números representam um
quadro distorcido. Os soldados
hesitam em servir fora de suas
regiões de origem. Contadas licenças e deserções, só uma parte das tropas está disponível
para serviço em Bagdá e outros
locais de conflito mais intenso.
O fato de o Ministério da Defesa iraquiano ter enviado à capital apenas dois dos seis batalhões adicionais pedidos pelos
comandantes americanos é um
sintoma das dificuldades que o
governo iraquiano enfrenta para organizar Forças Armadas
profissionais e competentes.
Quatro batalhões equivalem a
apenas 2.800 soldados.
Otimismo
O general Casey assumiu a
suposição otimista de que as
forças iraquianas em breve poderiam substituir unidades
norte-americanas. Em fevereiro de 2005, o general disse que
naquele ano os EUA começariam a "transferir a missão de
combater a insurgência às cada
vez mais capacitadas forças de
segurança iraquianas".
Em junho de 2006, Casey
submeteu um plano confidencial à Casa Branca, projetando
o início da retirada de forças
americanas para setembro, o
que levaria a uma redução pela
metade, até dezembro de 2007,
no número de brigadas de combate estacionadas no país.
Para implementar essa estratégia, as tropas americanas reduziram a freqüência de suas
patrulhas em Bagdá durante o
primeiro semestre de 2006.
Não demorou para que o plano tivesse de ser abandonado, e
as forças americanas, ampliadas, a fim de tentar conter o
morticínio entre as facções muçulmanas. Ainda assim, Casey
continuou a retratar a intensificação dos combates como um
difícil interlúdio antes que as
forças iraquianas pudessem assumir o papel principal. Agora,
o general diz que, em 12 a 18
meses, as forças iraquianas estarão capacitadas para assumir
a segurança em todo o país,
com apoio logístico americano.
As forças iraquianas realizaram alguns avanços. Elas são
hoje maiores e mais bem treinadas e, nos últimos 12 meses,
assumiram o controle sobre
um território maior. Alguns
soldados iraquianos combateram bem. Mas em Bagdá, que os
comandantes americanos definiram como a frente de batalha
crucial da guerra, elas ainda
exercem papel subalterno.
Para melhorar essas unidades, os americanos instalam assessores em suas estruturas de
comando. As autoridades do
Iraque oferecem soldo adicional para atrair soldados à capital. Mas cerca de um quarto dos
soldados de uma unidade iraquiana típica está de licença.
Como o país não tem bancos,
todos pedem uma semana de
folga para viajar e levar dinheiro a seus familiares.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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