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Carros-bomba matam 147 no Iraque
Ataque é o mais violento em dois anos e coloca em dúvida a capacidade do governo iraquiano de garantir segurança sem os EUA
Atentados ocorreram
próximo à Zona Verde, uma
das áreas mais seguras de
Bagdá; Obama classificou
episódio de "ultrajante"
Shehab Ahmed/Efe
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Destroços de carros na frente do Ministério de Justiça, em Bagdá; duas explosões causadas por terroristas no centro da cidade deixarammais de cem mortos
DA REDAÇÃO
Um ataque terrorista deixou
ontem ao menos 147 mortos e
700 feridos em Bagdá com a explosão de dois carros-bomba
carregados com cerca de 650 kg
de explosivos cada. Trata-se do
maior atentado no país nos últimos dois anos.
Os ataques ocorreram próximo à chamada Zona Verde, em
que se encontram embaixadas
e escritórios do governo -considerada uma das áreas mais
seguras da cidade.
A primeira explosão veio às
10h30, na rua Haifa, do lado de
fora do Ministério da Justiça.
Imagens gravadas por telefone
celular mostram a segunda explosão, dez minutos depois,
com bolas de fogo seguidas de
tiros de metralhadora.
Relatos de jornalistas no local descrevem cadáveres mutilados e restos humanos espalhados pela área. A polícia recolhia em sacos plásticos os documentos dos mortos. Carros de
civis foram utilizados para
transportar os feridos.
Líderes iraquianos afirmaram ontem que os ataques recentes visam a desestabilizar o
cenário político nos meses que
antecedem as eleições parlamentares de janeiro.
As explosões ocorreram em
ruas abertas há poucos meses
ao tráfego de carros. Na ocasião
da abertura, o premiê Nuri al
Maliki havia afirmado que esse
era um sinal de que a cidade estava voltando a ser calma -sua
esperança para a reeleição, que
agora pode estar mais distante.
O ápice da violência no país
foi em 2006, ano em que 27 mil
civis morreram. Em 2008, o
saldo foi de 9.000 mortos, segundo a ONG Iraq Body Count.
Interesses americanos
A questão da segurança no
Iraque é de extrema importância para os EUA, que pretendem manter os holofotes no
combate ao terrorismo no Afeganistão e no Paquistão.
Em julho deste ano, o governo norte-americano transferiu
a responsabilidade da patrulha
das ruas de Bagdá ao governo
iraquiano. O plano do presidente Barack Obama é retirar
definitivamente as tropas dos
EUA do país até o final de 2011.
Com a recente escalada da
violência na região, porém -as
proximidades da Zona Verde
foram alvo de atentado em 19
de agosto, com saldo de 102
mortos-, fica em dúvida a capacidade do governo local de
manter a segurança da cidade.
Obama disse que os "ataques
ultrajantes [...] revelam o odioso e destrutivo plano daqueles
que negariam ao povo iraquiano o futuro que eles merecem".
Jalal Talabani, presidente do
país, também se pronunciou a
respeito dos atentados. "Os
perpetradores desses atos traiçoeiros e desprezíveis não estão mais escondendo seus objetivos, mas publicamente declaram estar atingindo o Estado."
Nenhum grupo assumiu a
autoria do ataque, mas explosões de carros são marca da insurgência sunita contrária ao
governo dominado por xiitas.
"[Os atentados] têm a marca
da Al Qaeda e de seus aliados
que rechaçam ver que o Iraque
recupera sua estabilidade",
afirmou à televisão o porta-voz
do governo Ali al Dabbagh.
"É obra de um grupo que se
encontra no interior do Iraque
e que coordena sua ação com
grupos no exterior", disse.
Responsabilidade
Pelo menos 25 funcionários
do conselho provincial de Bagdá foram mortos nas explosões
de ontem. Esse conselho cuida
de uma ampla gama de serviços, como coleta de lixo e manutenção de escolas.
Foram mortos também 35
funcionários do Ministério da
Justiça do país.
"Os países vizinhos e distantes deveriam imediatamente
abster-se, para sempre, de acolher, financiar e facilitar forças
que abertamente proclamam
sua hostilidade ao Estado iraquiano", disse Talabani, em nota divulgada ontem.
O Iraque tem reclamado de
que a Síria proveria abrigo seguro para terroristas, enquanto
cidadãos sunitas de outros países muçulmanos ajudariam a
financiar a insurgência no Iraque. O Irã é acusado, por sua
vez, de armar a milícia xiita.
Com agências internacionais
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