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Confrontos em ponto sagrado de Jerusalém fazem 21 presos
Violência, em região importante para muçulmanos e judeus, teria tido início após chamado para orações em mesquita; disputa tem por base status da cidade
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Vinte e um palestinos presos,
mais de 20 feridos, um israelense esfaqueado por uma mulher, provocações de ambos os
lados e temores de uma nova
escalada de violência.
Jerusalém viveu ontem mais
um dia tenso, com os distúrbios
concentrados em torno do ponto mais sensível do conflito árabe-israelense, o Monte do
Templo (para os judeus), também conhecido como Haram al
Sharif (para os muçulmanos),
local considerado sagrado pelas
duas religiões.
Desde cedo, centenas de policiais israelenses reforçaram a
segurança não só na parte histórica de Jerusalém mas também nas entradas da cidade.
Previam distúrbios como os
ocorridos há três semanas.
A expectativa de incidentes
em Israel aumentou depois da
convocação feita a fiéis na véspera, por líderes muçulmanos,
para que se dirigissem à mesquita de Al Aqsa (situada em
Haram al Sharif) para proteger
os locais sagrados do islamismo
contra um suposto plano de judeus radicais de rezar no local.
Apesar da falta de evidências
que comprovassem a alegação,
centenas de muçulmanos da
Cisjordânia e de cidades israelenses atenderam ao chamado.
No auge dos confrontos, uma
barreira de policiais cercou a
mesquita de Al Aqsa, situada no
centro da esplanada, onde manifestantes palestinos armados
de pedras haviam se refugiado.
Depois de usar bombas de efeito moral para conter os palestinos, os policiais conseguiram
dispersar o protesto.
A batalha deixou pelo menos
27 feridos, entre eles nove policiais. Segundo os israelenses, a
violência teve origem nas pedras atiradas contra os policiais. Já os palestinos alegam
que as pedras foram em resposta à brutalidade policial.
O comandante da polícia israelense, David Cohen, acusou
um pequeno grupo de extremistas islâmicos de encorajar a
violência. "A polícia agirá com
mão forte contra qualquer um
que perturbar a ordem no
Monte do Templo e incitar distúrbios", disse Cohen.
O Movimento Islâmico, um
dos alvos da acusação, disse que
os fiéis só estavam interessados
em rezar, mas foram reprimidos com violência pela polícia.
Já o grupo islâmico Hamas, que
controla a faixa de Gaza, deixou
claro o tom de confronto.
"O destino de Jerusalém será
decidido com jihad (guerra santa) e resistência, não com negociações", disse Khaled Meshal,
principal líder político do Hamas, que vive na Síria.
No início da noite, quando os
ânimos pareciam ter esfriado,
um segurança israelense foi esfaqueado por uma mulher palestina numa das barreiras militares de acesso a Jerusalém. A
polícia associou o ataque aos
protestos ocorridos mais cedo.
Por trás dos confrontos está
uma disputa em que religião e
política se confundem, e que no
passado já levou a ciclos de violência, como a segunda intifada
(revolta) palestina, em 2000.
Embora tenha conquistado o
controle da cidade na Guerra
dos Seis Dias, em 1967, incluindo a Esplanada das Mesquitas,
Israel deixou a administração
do local nas mãos de clérigos
muçulmanos. Turistas e israelenses podem visitar o local, o
mais santo para o judaísmo e o
terceiro mais sagrado do islã,
mas não fazer orações.
"A revolta palestina reflete o
medo de que haja mudanças
nesse status quo mantido há 42
anos", disse o professor israelense Menachem Klein, especialista em Jerusalém da Universidade Bar Ilan.
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