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O IMPÉRIO VOTA
Maconha livre vai a voto na Califórnia
Uso recreativo da droga será decidido na próxima terça em plebiscito; pesquisas apontam uma disputa apertada
Campanha pelo sim
à utilização da erva
já arrecadou mais de
US$ 2,7 milhões, contra US$ 250 mil pelo não
FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES
O uso recreativo da maconha será decidido em plebiscito na Califórnia na próxima
terça-feira, numa campanha
acirrada em que, caso prevaleça o sim, o Estado pode virar uma nova Amsterdã.
Por outro lado, pode ser
gerado um pesadelo jurídico
em rota de colisão com o governo federal.
A droga já é liberada para
fins terapêuticos desde 1996
e vendida em lojas de rua
com a apresentação de uma
carteirinha médica.
Estima-se que a indústria
da maconha movimente US$
14 bilhões por ano no Estado,
que poderia abocanhar uma
fatia em impostos e tentar sanar sua crise financeira.
As pesquisas mostram um
duelo apertado. A mais recente, na semana passada,
indicou que 49% dos entrevistados votariam contra a
medida, enquanto 44% diriam sim. No mês passado, o
mesmo instituto divulgou o
oposto: 49% sim, 44% não.
"Não quero mais parecer
uma criminosa para meus filhos. Quero que eles saibam
que isto é uma escolha que
você faz como um adulto responsável", disse a cantora
Melissa Etheridge na sexta-feira, em Los Angeles, num
encontro para anunciar
apoio à "proposition 19", como é chamada a medida.
Etheridge é uma das vozes
mais ativas entre as celebridades no apoio ao projeto.
Ela passou a fumar a erva para aliviar os efeitos colaterais
da quimioterapia no tratamento de câncer de mama.
"Foi uma solução natural."
Também participaram os
atores Danny Glover e Hal
Sparks. Para Glover, a criminalização prejudica principalmente latinos e negros,
porque eles são a minoria
que acaba na prisão por causa de pequenas quantidades.
Em 2009, cerca de 1.600
pessoas estavam em cadeias
californianas por infrações ligadas a maconha, um custo
de US$ 85 milhões por ano.
Além de celebridades, ativistas e plantadores, apoiadores incluem o maior sindicato do Estado e grupos raciais.
No total, a campanha pelo
sim já arrecadou mais de US$
2,7 milhões, contra US$ 250
mil pelo não. Um dos principais financiadores da iniciativa é Richard Lee, que possui uma cadeia de escolas
que ensinam como gerenciar
o negócio da maconha.
LEI MAL ESCRITA
A principal queixa dos
opositores da medida é a forma como foi escrita, legalizando o uso e plantação para
maiores de 21 anos, mas deixando a tarefa de demarcar
as regras de comércio para os
governos locais: mais de 400
cidades e 58 condados.
"A "proposition 19" foi escrita por ativistas e pesquisadores, não por pessoas que
entendem das leis", disse
Mark A. R. Kleiman, professor de Políticas Públicas da
Universidade da Califórnia.
"A medida prevê que cada
localidade decida sobre como gerir o comércio. E isso
vai gerar uma competição
por impostos mais baixos."
Para complicar o imbróglio, o governo de Barack
Obama já afirmou que é contra e que fará valer as leis federais contra drogas para
quem plantar, possuir, distribuir e vender maconha para
uso recreativo, mesmo que
os californianos digam sim.
Esta é a segunda vez que o
Estado vota pela legalização.
Em 1972, apenas um terço
dos eleitores disseram sim.
O governador da Califórnia, o republicano Arnold
Schwarzenegger, que costuma apoiar iniciativas polêmicas como casamento gay e
políticas duras pelo meio ambiente, afirmou num editorial do jornal "Los Angeles Times" que a "proposition 19"
transformaria o Estado num
"motivo de chacota".
"É uma iniciativa falha
que traria uma série de pesadelos legais e riscos à saúde
pública", escreveu.
No dia 2, os californianos
também escolhem congressistas e um novo governador.
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