São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2011

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Argentina terá uma reforma ministerial

Cristina Kirchner começa novo governo com três baixas entre seus ministros, dois deles eleitos para o Congresso

Presidente terá que substituir também o ministro da Economia, Amado Boudou, que será vice-presidente

LUCAS FERRAZ
SYLVIA COLOMBO

DE BUENOS AIRES

A presidente reeleita da Argentina, Cristina Kirchner, terá de promover uma reforma ministerial no início do novo mandato em 10 de dezembro.
Alguns dos nomes da linha de frente do governo foram eleitos para outros cargos. O ministro da Agricultura, Julián Dominguez, será deputado, e o chefe de gabinete, Aníbal Fernandez, senador.
A principal baixa será Amado Boudou, atual ministro da Economia, que assumirá o cargo de vice-presidente. Figura popular entre a juventude kirchnerista, Boudou, 48, veste-se quase sempre de maneira informal, usa jaquetas de couro, toca guitarra com os amigos da banda Mancha de Rolando e pilota uma Harley-Davidson.
Economista, na juventude tinha perfil mais liberal, mas hoje está alinhado com o kirchnerismo, que defende uma maior presença do Estado na economia.
Boudou também é a favor da ruptura com o FMI (Fundo Monetário Internacional) iniciada pelo antecessor de Cristina, Néstor Kirchner, morto há um ano.
Quando era funcionário da Anses (Administração Nacional de Segurança Social), o INSS argentino, propôs renacionalizar os fundos de pensão privados. Esse foi um dos fatores que permitiram ao governo levar adiante alguns planos de assistência social, como a Asignación Universal por Hijo (ajuda por filho).
E ele se manteve leal à presidente - desde 2005, quando Roberto Lavagna deixou o cargo, todos os ministros de Economia perderam a autonomia na pasta, cujas decisões eram tomadas pessoalmente por Néstor Kirchner.
Cristina escolheu Boudou para o cargo para não se repetir o que passou com Julio Cobos, seu atual vice, que votou contra o governo durante o enfrentamento com o campo -na Argentina, o vice ocupa também a presidência do Senado.
Com a ida dos ministros ao Legislativo, ela terá um quadro completamente distinto do atual, dominado pela oposição. "Será um cenário espetacular, a presidente terá muitos homens de confiança", disse à Folha o deputado Edgardo Depetri, que assumiu na Câmara o mandato de Kirchner.
Outro integrante que deve deixar o governo é o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. Um dos integrantes mais polêmicos do governo, ele é responsável por medidas como o controle dos preços, tema que ele trata pessoalmente com empresários, e as ações contra a imprensa.
Sobre o futuro gabinete do governo, Depetri e outros aliados dizem que Cristina ainda não definiu os novos ocupantes. Ou, se o fez, ela não compartilhou a decisão com ninguém, como é de sua personalidade.


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