São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2011

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Paraguai militariza área perto do Brasil

Mil homens foram enviados nos últimos dias a duas províncias, uma delas perto da fronteira, para combater guerrilha

Estado de exceção para combate ao Exército do Povo Paraguaio vigora há 17 dias em Concepción e San Pedro

LUIS KAWAGUTI

DE SÃO PAULO

O governo do Paraguai enviou uma força de mil homens (entre militares e policiais) para combater guerrilheiros do EPP (Exército do Povo Paraguaio) em San Pedro e Concepción -departamentos no norte do país há 17 dias em estado de exceção.
"Ao todo nosso efetivo para operações [de combate] chega a mil homens e estamos providenciando mais. É uma prioridade [para o governo de Fernando Lugo] terminar com esse flagelo", disse à Folha o ministro do Interior, Carlos Filizzola.
O EPP voltou a mobilizar as autoridades paraguaias no final de setembro, quando seis guerrilheiros explodiram uma delegacia e mataram dois policiais em Concepción, fronteira com o Brasil.
Na mesma região, um suposto atirador de elite do EPP baleou um oficial no último dia 5. Anteontem, dois policiais foram feridos a tiros em um episódio no qual o governo investiga as possibilidades de ataque guerrilheiro ou "fogo amigo" entre tropas.
De acordo com a senadora opositora Ana Mendoza de Acha (Partido Pátria Querida), após os atentados, o clima é de terror na região.
"Segundo autoridades da região, há localidades que se transformaram em povoados fantasmas. Ninguém vai para lá para fazer nenhum tipo de transação comercial."
Segundo estimativas do governo, o EPP tem hoje menos de 200 integrantes.
O grupo surgiu de um partido que lutava pela reforma agrária e iniciou a luta armada há cerca de dez anos.

DISPUTA POLÍTICA
O estado de exceção, que vigorará por mais 40 dias, foi aprovado pelo Congresso, contra a vontade do governo.
Ele flexibiliza regras para prisões e permite o uso de militares em operações de segurança dentro do país.
Segundo Filizzola, a medida não era necessária, pois a polícia teria condições de combater os guerrilheiros. Ele atribuiu a aprovação a "fatores políticos e eleitoreiros de alguns legisladores".
A senadora Acha disse que o Congresso agiu porque o presidente Lugo não estaria tomando as medidas necessárias contra o EPP.
Segundo ela, os líderes guerrilheiros eram muito próximos a Lugo, quando ele era bispo em San Pedro. Na época, disse ela, Lugo teria ainda ajudado a organizar invasões de movimentos de reforma agrária.
"Hoje eles [EPP] não têm mais associação com Lugo, mas [permanece] um vínculo forte. Por isso Lugo não quer que caia sobre eles o peso da lei", disse.
Filizzola negou qualquer ligação de Lugo com o EPP. "Isso é totalmente falso".


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