São Paulo, sábado, 26 de novembro de 2005

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IRAQUE

Para chanceler, saída prematura enviaria "mensagem errada" à insurgência

Iraque pede que Japão adie saída de suas tropas

DA REDAÇÃO

O chanceler do Iraque, Hoshiyar Zebari, instou ontem o Japão a manter suas tropas no país, alegando que uma retirada antecipada poderia provocar um aumento de violência pelos insurgentes.
Zebari afirmou que o Iraque tem feito avanços na questão da segurança, mas que o período anterior às eleições parlamentares de 15 de dezembro serão cruciais.
"Por causa da sensibilidade do timing e o estágio crucial em que estamos, é muito importante que essa força permaneça engajada", disse Zebari após uma reunião com o premiê japonês, Junichiro Koizumi, em Tóquio.
"Qualquer retirada prematura irá enviar uma mensagem errada aos terroristas e à oposição de que a coalizão está se rompendo e fugindo e de que suas políticas e estratégias de solapar esse processo estão vencendo."
Zebari evitou estipular um prazo a partir do qual as forças estrangeiras poderiam deixar o Iraque, mas afirmou que levaria alguns meses até que o novo governo iraquiano fosse formado.
As afirmações do chanceler ocorrem em meio a um debate sobre a retirada das tropas nos EUA, na Itália e na Polônia.
O Pentágono afirmou nesta semana que planeja uma redução do número de soldados americanos no Iraque, atualmente de 155 mil, para cerca de 138 mil após as eleições. Esse número pode ser reduzido novamente nos próximos meses, para 100 mil.
Ontem, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, disse que definirá nas próximas semanas as datas para uma retirada escalonada de seus 2.900 soldados, com previsão para terminar no final de 2006.
A Itália, que tem o quarto maior contingente estrangeiro no Iraque, terá eleições gerais em abril.
"Já reduzimos nossa presença militar no Iraque em 10%. Essa redução vai continuar de maneira gradual. [O ministro da Defesa, Antonio] Martino irá ao Parlamento nas próximas semanas para anunciar as datas desse plano", disse Berlusconi.
Já o ministro da Defesa da Polônia, Radoslaw Sikorski, disse que seu país irá retirar as tropas em 2006, mas que o prazo pode mudar de janeiro para meados do ano. Segundo Sikorski, a situação de segurança na região sob responsabilidade da Polônia já melhorou o suficiente para que seja devolvida às forças iraquianas.
"Certamente iremos retirar nossas tropas em 2006", disse. A Polônia enviou 2.500 soldados ao Iraque.
Segundo Zebari, Koizumi decidirá "nos próximos dias ou semanas" sobre a extensão ou não do mandato de seus tropas no país.
O premiê japonês disse mais tarde que vai analisar que ajuda dará ao país, mas não afirmou se manteria suas tropas.
"Gostaria de continuar pensando sobre que tipo de ajuda o Japão pode dar para a construção do Iraque", afirmou Koizumi.
O Japão enviou cerca de 550 soldados para Samawa, no sul do país, para atuar nas áreas humanitárias e de reconstrução, sem participar em operações de segurança. A missão expira no dia 14 de dezembro.

Vídeo
Um vídeo divulgado ontem pela internet supostamente pela Al Qaeda no Iraque mostrou como um grupo de terroristas realizou os ataques suicidas em dois hotéis de Bagdá, o Palestine e o Sheraton, em 24 de outubro, em que 17 pessoas morreram.
As imagens mostram os terroristas ensaiando o ataque e um comandante dando instruções. Há imagens ainda das explosões. A autenticidade do vídeo não pode ser confirmada.
Um soldado iraquiano e um soldado americano foram mortos ontem no Iraque.


Com agências internacionais

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