São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / APERTANDO O CINTO

Obama cortará gastos para permitir pacote

Presidente eleito diz que revisará Orçamento e cortará programas supérfluos para viabilizar plano de resgate da economia

Democrata nomeia Peter Orszag, que trabalhou com Clinton, para comandar Orçamento e diz que reforma é necessidade

Tannen Maury/Efe
Obama apresenta os novos responsáveis pelo Departamento de Gestão e Orçamento, Peter Orszag (à esq.) e Robert Narbors (vice)

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, defendeu ontem cortes de gastos e de programas supérfluos do Orçamento governamental para ajudar a equilibrar a forte injeção de dinheiro na economia que considera necessária para ajudar o país passar pela crise.
A fala veio horas depois de o Tesouro americano divulgar um novo pacote de estímulo econômico que pode chegar ao recorde de US$ 800 bilhões.
Obama também anunciou os próximos responsáveis pela difícil tarefa de organizar seu Orçamento. São eles Peter Orszag, que dirigirá o Departamento de Gestão e Orçamento do governo, e Robert Narbors, que será seu vice. Ambos têm hoje altos cargos em organismos orçamentários do Congresso.
"Se vamos fazer os investimentos de que precisamos, também temos que estar prontos a abandonar os gastos de que não precisamos", afirmou Obama em entrevista coletiva em Chicago. "Nesta época desafiadora, quando enfrentamos tanto déficits crescentes quanto uma economia afundando, a reforma do Orçamento não é uma opção. É uma obrigação."
A entrevista, a segunda de três programadas para esta semana, tenta mostrar que o presidente eleito já está no comando da situação mesmo antes de chegar ao Salão Oval. Mas, enquanto exibe confiança e determinação, Obama evita se comprometer com números ou programas específicos, e em alguns momentos é mais vago do que foi na campanha eleitoral.

Tarefa árdua
Após a posse, o presidente eleito terá bastante trabalho se pretende retornar ao equilíbrio fiscal do último governo democrata (Bill Clinton, 1993-2001).
Ele herdará do governo de George W. Bush dois pacotes de gastos estratosféricos -US$ 700 bilhões em socorro a instituições financeiras, lançado em setembro, e outros até US$ 800 bilhões anunciados ontem para facilitar empréstimos a proprietários de imóveis, estudantes e pequenas empresas. Antes dos pacotes, já se previa um legado de déficit recorde, projetado até meados do ano para ultrapassar US$ 400 bilhões.
Obama afirmou que sua equipe está orientada a rever o Orçamento atual em detalhes para eliminar programas que não funcionam e gastos inúteis. Ele citou subsídios agrícolas a fazendeiros ricos como exemplo do que pode ser cortado -frisando que se referia apenas aos que estão além de um mínimo fixado para a ajuda, não a um corte de subsídios em geral.
Também mencionou a necessária reforma dos seguros-saúde, que, apesar de terem escopo limitado por parte do governo, representam um peso explosivo no Orçamento à medida em que a população envelhece. Além disso, há cerca de 50 milhões de americanos hoje descobertos, e Obama disse em campanha que pretendia chegar perto da universalização.
Robert Reich, que foi secretário do Trabalho sob Clinton, afirmou ontem que todos os governos revêem o Orçamento e que, apesar de importante, a iniciativa dificilmente traz grande impacto nos gastos.

Rubinista
Peter Orszag, que sucederá Jim Nussle no Departamento de Gestão e Orçamento, é mais um seguidor do ex-secretário do Tesouro Robert Rubin a compor o próximo governo. A cartilha de Rubin, que prega o livre comércio e a responsabilidade fiscal, costuma enfrentar oposição de alas mais à esquerda e sindicalistas democratas.
Assim como vários outros escolhidos do presidente eleito, Orszag acumula experiência do governo Clinton, quando foi assessor especial da Presidência para políticas econômicas. Ele serviu ainda como economista sênior e membro do Conselho de Assessores Econômicos.
Desde janeiro de 2007, vem servindo como diretor do Departamento de Orçamento do Congresso, onde concentrou boa parte de sua atuação em políticas para a Saúde.
Economista de origem húngara, Orszag, 39, tem entre suas especialidades o sistema de aposentadorias -ele dirigiu um projeto a respeito no Instituto Brookings- e custos associados à mudança climática.
Já Rob Nabors é hoje secretário e diretor de pessoal da Comissão de Apropriações da Câmara dos Representantes (deputados).


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