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Irã usa Venezuela para mover verba nos EUA
Acusação é de promotor distrital de Nova York, que se diz preocupado com o que chama de "casamento" entre os dois países
Informações foram dadas por Robert Morgenthau em palestra em Washington; "Sabemos que estão criando confortável parceria", disse
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O escritório do promotor público de Nova York, Robert
Morgenthau, investiga supostas atividades ilegais do Irã na
Venezuela, ações que podem
envolver transações financeiras fraudulentas, exploração de
material nuclear, produção e
tráfico de armas e envolvimento em tráfico de drogas.
O interesse de seu time de
advogados é reflexo direto da
preocupação que a relação entre os dois países causa em
Washington, exacerbada pela
atual visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, à região, que incluiu passagem pelo Brasil na segunda.
Segundo o veterano promotor de 90 anos, duas investigações de seu escritório no último
ano concluíram que o Irã tenta
comprar armamentos movimentando dinheiro inclusive
por bancos sediados em Manhattan, que estão sob a jurisdição de Morgenthau. O objetivo, acredita ele, é adquirir material necessário para desenvolver armas nucleares.
De acordo com as investigações, os iranianos podem estar
usando uma prática chamada
de "stripping", pela qual o banco participa intencionalmente
de processo que altera informações de transferências eletrônicas para omitir a identidade de seus clientes, para movimentar dinheiro nos Estados
Unidos via instituições financeiras baseadas na Venezuela.
O esquema se aproveita do
fato de, diferentemente dos iranianos, os bancos venezuelanos não estarem sob nenhuma
sanção ou proibição americana.
Outro esquema que estaria
sendo usado é o chamado "nesting" ("aninhamento"), em que
instituições financeiras estrangeiras proibidas de atuar no sistema bancário americano conseguem acesso por meio de
uma conta correspondente nos
EUA pertencente a outra instituição financeira baseada no
exterior.
Como possível evidência das
intenções iranianas, ele aponta
a criação, em janeiro de 2008,
do Banco Internacional de Desenvolvimento em Caracas,
uma subsidiária independente
do Banco de Desenvolvimento
de Exportação do Irã (EDBI).
Desde outubro daquele ano,
ambos estão sob sanção da
Agência de Controle dos Ativos
Estrangeiros (OFAC) dos EUA
por oferecerem serviços financeiros a entidades militares cuja função é avançar os planos
nucleares do Irã.
"Casamento"
Essas e outras informações
foram dadas por Morgenthau
durante palestra que fez no instituto Brookings, em Washington, em setembro último. Uma
versão traduzida para o português de sua fala sairá na edição
de dezembro da "Revista Política Externa". Nela, o nova-iorquino diz que Irã e Venezuela já
passaram do que ele chama de
"fase de namoro" e passaram
para o "casamento".
"Sabemos que estão criando
uma confortável parceria financeira, política e militar, e
que ambos os países têm fortes
vínculos com o Hizbollah e o
Hamas", disse o promotor público. "Agora é o momento de
definir diretrizes e ações para
garantir que esta parceria não
produza resultados nocivos."
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