|
Texto Anterior | Índice
Enviada de Obama busca "novo diálogo" com o islã
Representante para comunidades muçulmanas cita "mudança de tom" dos EUA
Nascida em Srinagar, na Caxemira indiana, Farah Pandith é incumbida do "engajamento" com grupos islâmicos em todo o mundo
PAULA ADAMO IDOETA
DA REPORTAGEM LOCAL
O momento atual é crucial
para a aproximação com o
mundo muçulmano, diz Farah
Pandith, representante especial da Chancelaria dos EUA
para as comunidades islâmicas,
cargo criado em junho. Seu trabalho, diz, é "não político, mas
humano": "ouvir a comunidade
muçulmana ao redor do mundo" e -usando palavra-chave
da diplomacia obamista - "engajá-la em um novo diálogo".
Pandith, que é muçulmana
-nasceu na Caxemira indiana
e emigrou para os EUA aos dois
anos de idade-, esteve em São
Paulo na segunda-feira, onde
visitou comunidades islâmicas,
mas não se reuniu com nenhuma autoridade brasileira.
FOLHA - O que a sra. espera levar
de sua visita ao Brasil?
FARAH PANDITH - O Brasil tem
uma população islâmica crescente, e queremos desenvolver
mais oportunidades para o diálogo. [Minha pasta] quer trabalhar com todas as nossas embaixadas ao redor do mundo.
Há um esforço, após o discurso
[de Barack Obama] no Cairo
[em junho, quando o americano propôs ao islã o fim da "desconfiança"], de implementar
essa visão de respeito mútuo.
FOLHA - Trabalhar como?
PANDITH - Estamos tentando
descobrir como construir mais
diálogo e parcerias. É uma
abordagem de pessoa a pessoa,
não de governo a governo. Meu
foco principal é a próxima geração -desenvolver confiança
[entre os jovens muçulmanos].
E relacionamentos não são
construídos da noite para o dia.
É preciso trabalho de campo.
Os EUA já têm programas como bolsas de estudo, intercâmbios, eventos de diplomacia
cultural ou esportiva. Meu esforço é complementar esses
programas usando novas mídias, tecnologias, diálogo.
[Mas] não posso comentar iniciativas específicas. Temos
projetos em andamento, mas
não prontos para divulgação.
FOLHA - O presidente do Irã esteve
no Brasil nesta semana. O que acha
dessa visita?
PANDITH - Não farei nenhum
comentário além do que já foi
dito [por Obama e a chanceler
Hillary Clinton]. Meu trabalho
é apenas falar com as comunidades islâmicas e desenvolver
ideias. Não [trato] de assuntos
políticos, só humanos.
FOLHA - Mas imagino que muitas
das tensões políticas venham à superfície durante o seu trabalho.
PANDITH - É parte do trabalho.
Mas, no momento em que você
vai além dessas questões, percebe que muitas pessoas querem se engajar de uma nova
forma [com os EUA].
FOLHA - O discurso de Obama no
Cairo foi bem-recebido, mas muitos
pediram ações mais práticas.
PANDITH - Há progressos em
curso, e haverá mais respostas
tangíveis. Mas a mudança de
tom em si é a ação mais importante para engajar os muçulmanos ao redor do mundo. Esse conceito de interesse e respeito mútuos, de reconhecer as
nuances e diversidades do islã,
não tem precedentes. Apesar
da frustração por políticas específicas [dos EUA], as pessoas
em geral estão cheias de vontade de compartilhar ideias e dispostas a aproveitar esse momento único na história.
FOLHA - A sra. tem planos específicos para Iraque e Afeganistão?
PANDITH - Queremos, primeiro,
iniciar o diálogo, e depois levar
ideias de empreendedores locais ao "mainstream". Pensamos em levar o expertise do vale do Silício para algumas dessas pessoas em Bagdá.
Texto Anterior: Frase Índice
|