São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 2006

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Validar diploma e encontrar emprego é ainda tarefa árdua, adverte especialista

DA ENVIADA A MONTRÉAL

Se a integração cultural é estimulada e protegida por políticas públicas, a capacidade econômica do Canadá de absorver essa onda de imigrantes é questionada, e alguns setores consideram exagerada a projeção do déficit de trabalhadores feita pelo governo canadense, de 680 mil pessoas até 2009.
Nora Solervicens, diretora-geral de L'Hirondelle, um centro não-governamental de atendimento ao imigrante em Montréal, adverte que a taxa de desemprego entre alguns grupos étnicos, como por exemplo entre latinos e africanos, chega a 15% -a média nacional fica em torno dos 8%.
O centro, que atende ao redor de 3.000 pessoas por ano, sobretudo latino-americanos, caribenhos e africanos, ajuda o imigrante a encontrar a casa e emprego, dá assistência alimentar de emergência e o auxilia na sua "francificação". Recentemente, passou a fazer um trabalho de sensibilização das empresas para que empreguem mais imigrantes.
"O discurso público está bastante aberto para a diversidade, mas na prática há muito o que fazer", afirma Solervicens.
Das 1.445 pessoas que tiveram o auxílio de L'Hirondelle para encontrar emprego no período entre 2005 e 2006, apenas 335 tiveram sucesso. Outros 31 jovens de menos de 30 anos obtiveram estágios remunerados, e 129 pessoas começaram algum tipo de estudo.
E isso apesar de o centro afirmar ter recebido 1.400 ofertas de trabalho das cerca de 2.145 empresas registradas.
A lacuna é em parte explicada pelos problemas com o reconhecimento e a validação dos diplomas, a cargo das associações profissionais.

Desilusão
A história para muitos é de desilusão, conta Solervicens, ela própria uma imigrante chilena, radicada no Canadá há mais de 20 anos.
Depois de passar por um processo de seleção rigoroso, que lhes exige certo padrão econômico e um alto nível educacional, e de muitas vezes deixar a família para trás, muitos se desapontam com o fato de não conseguir encontrar trabalho.
"Eles ficam desiludidos e angustiados ao perceber que o emprego não está aqui esperando por eles", diz.
Alguns grupos étnicos têm uma integração mais fácil. Os chineses, como são comunidades mais antigas, contam com sua rede de relações para encontrar trabalho e casa. (CVN)


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