São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

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Grupo pratica terrorismo e assistencialismo

DA REDAÇÃO

O Hamas -acrônimo de Movimento de Resistência Islâmica, o nome da organização, em árabe- é um braço palestino do grupo islâmico egípcio Irmandade Muçulmana que se originou em 1987, na primeira Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense).
Classificado de grupo terrorista por Israel, Estados Unidos, Canadá e União Européia, o Hamas tem o apoio de milhares de simpatizantes e um número desconhecido de militantes.
A causa do Hamas é a expulsão dos israelenses dos territórios palestinos e a fundação no local de um Estado islâmico. Sua carta de fundação, que data de 1988, deixa claro no preâmbulo, ainda antes da introdução do texto, que um de seus objetivos é também a eliminação do Estado de Israel.
O mesmo texto fundamenta, com uma teologia particular, as metas do grupo na vontade de Alá: "Nós educamos no caminho de Alá e fazemos nossa firme determinação prevalecer para desempenhar o papel apropriado na vida, superar todas as dificuldades e atravessar todas as barreiras. Daí nosso permanente estado de prontidão e disposição para sacrificar nossas almas (..) no caminho de Alá".
Em virtude de sua disposição de eliminar o Estado de Israel, o Hamas foi contra os acordos de paz negociados em Oslo, na Noruega, que estabeleciam a devolução dos territórios palestinos ocupados por Israel em troca de garantias da segurança do Estado israelense por parte dos palestinos.

Terror
Maior organização militante muçulmana, o Hamas adotou a tática de atacar alvos militares e civis israelenses, em ações terroristas. Em fevereiro e março de 1996, por exemplo, o grupo levou a cabo vários atentados suicidas, matando cerca de 60 israelenses, em resposta ao assassinato, em março de 1995, de um de seus membros, Yahya Ayyash, cujo ofício era a fabricação de bombas.
À violência do Hamas Israel respondeu com o assassinato de alguns de seus líderes -política denominada de "assassinatos seletivos". Um dos membros do Hamas morto por forças israelenses foi o xeque Ahmed Yassin, um dos fundadores do grupo. Yassin morreu ao ser alvejado por um míssil, em março de 2004. Seis meses antes, ele havia sido vítima de uma outra tentativa de assassinato.
Após a morte de Yassin, subiu ao poder no grupo terrorista Abdel Aziz al Rantissi, que também foi morto, em abril do mesmo ano. O principal líder atual do Hamas é Khaled Meshaal, que vive exilado em Damasco, na Síria.
Apesar do histórico de violência, o Hamas vem observando uma trégua com Israel e não lança um ataque suicida desde agosto de 2004. Não obstante se recusa a desarmar seus militantes.
Além de suas operações terroristas, o Hamas tem também uma faceta assistencialista, encarregando-se da execução de programas sociais em benefício da população palestina que vive na faixa de Gaza e na Cisjordânia, como a construção de escolas e hospitais.
Como é um grupo terrorista, o Hamas tem seus bens bloqueados. Para financiar seus programas, ele recebe fundos do exterior -do Irã, de palestinos expatriados e de doadores em Estados árabes- por meio de transferência para instituições beneficentes que atuam em Gaza e na Cisjordânia e que são controladas pelo grupo. Fundos para o Hamas são levantados por simpatizantes também nos EUA e na Europa ocidental.
Embora não se possa mensurar a militância e os simpatizantes do Hamas, cerca de 40 mil pessoas se reuniram em Gaza, em dezembro de 2002, para celebrar o 15º aniversário do grupo. Na ocasião, o xeque Ahmed Yassin, ainda vivo, disse que Israel seria destruído até o ano de 2025.


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