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São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Presidente dos EUA diz que queda de Saddam beneficiará negociações de paz entre israelenses e palestinos

Bush vê Oriente Médio em paz após Saddam

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que uma mudança de governo no Iraque teria efeitos positivos sobre todo o Oriente Médio, facilitando as negociações de paz entre Israel e os palestinos.
"Um Iraque libertado pode mostrar o poder da liberdade para transformar aquela região vital, levando esperança e desenvolvimento para a vida de milhões", disse Bush no American Enterprise Institute, em Washington.
Segundo ele, os EUA vão agir de forma a garantir que o novo governo iraquiano seja democrático. "Vamos assegurar que um ditador brutal não seja substituído por outro", declarou.
O presidente norte-americano também disse que o petróleo será usado para beneficiar a população iraquiana. "Vamos procurar proteger os recursos naturais do Iraque de [ações de] sabotagem por um regime moribundo e vamos garantir que esses recursos sejam usados em benefício do dono, o povo iraquiano."
Bush teria planos de, após se livrar do regime do ditador Saddam Hussein, dedicar mais esforços para pôr fim ao conflito israelo-palestino, iniciado em setembro de 2000 e que continua a matar pessoas todos os dias.
O avanço da democracia no Oriente Médio ajudará a criar um Estado palestino e a promover a paz na região, afirmou Bush. "O fim do regime atual [no Iraque] criará essa oportunidade", disse.
A estratégia de prometer lidar com a questão palestina -com a eventual criação de um Estado palestino, já defendido por Bush em outras ocasiões- se parece com aquela adotada pelo presidente George Bush pai na época da Guerra do Golfo (1991).
Naquele ano, após liderar uma coalizão que expulsou as tropas iraquianas do Kuait, os EUA patrocinaram a Conferência de Madri sobre a paz no Oriente Médio. A reunião foi o embrião dos acordos de paz firmados em 1993 entre Israel e os palestinos, que resultaram na criação da Autoridade Nacional Palestina sob o comando de Iasser Arafat.
O discurso de Bush é mais um sinal de suas intenções de utilizar a força militar para desarmar o Iraque e derrubar o seu regime -quer conte com o apoio da ONU ou não.
Os americanos afirmam que desejam estabelecer um governo democrático no Iraque pós-Saddam. Isso foi um dos recados levados ontem por um emissário de Washington, Zalmay Khalilzad, a um encontro de líderes da oposição realizado na porção iraquiana do Curdistão.
EUA, Reino Unido e Espanha apresentaram ao Conselho de Segurança (CS) nova proposta de resolução afirmando que Bagdá não aproveitou a "última chance" que lhe foi dada para se desarmar.
O governo dos EUA apresentará um pedido de suplementação orçamentária em caso de guerra, afirmou Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca. Ele não quis adiantar o valor dessa suplementação, que, segundo o jornal "The Wall Street Journal", poderá chegar a US$ 95 bilhões. A Guerra do Golfo, em 1991, custou US$ 61,1 bilhões, sem contar os gastos da reconstrução do Iraque. Esses gastos foram financiados quase que totalmente por Kuait, Arábia Saudita, Alemanha e Japão.
O premiê da Malásia, Mahathir Mohamad, disse ontem, em Kuala Lumpur (onde acontece uma reunião da Organização da Conferência Islâmica), que Estados de maioria muçulmana discutiram a possibilidade de usar o petróleo como "arma" para evitar uma ação militar no Iraque. É extremamente improvável, no entanto, que essa estratégia seja adotada.


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