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IRAQUE NA MIRA
Presidente dos EUA diz que queda de Saddam beneficiará negociações de paz entre israelenses e palestinos
Bush vê Oriente Médio em paz após Saddam
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, disse ontem que uma
mudança de governo no Iraque
teria efeitos positivos sobre todo o
Oriente Médio, facilitando as negociações de paz entre Israel e os
palestinos.
"Um Iraque libertado pode
mostrar o poder da liberdade para transformar aquela região vital,
levando esperança e desenvolvimento para a vida de milhões",
disse Bush no American Enterprise Institute, em Washington.
Segundo ele, os EUA vão agir de
forma a garantir que o novo governo iraquiano seja democrático. "Vamos assegurar que um ditador brutal não seja substituído
por outro", declarou.
O presidente norte-americano
também disse que o petróleo será
usado para beneficiar a população iraquiana. "Vamos procurar
proteger os recursos naturais do
Iraque de [ações de] sabotagem
por um regime moribundo e vamos garantir que esses recursos
sejam usados em benefício do dono, o povo iraquiano."
Bush teria planos de, após se livrar do regime do ditador Saddam Hussein, dedicar mais esforços para pôr fim ao conflito israelo-palestino, iniciado em setembro de 2000 e que continua a matar pessoas todos os dias.
O avanço da democracia no
Oriente Médio ajudará a criar um
Estado palestino e a promover a
paz na região, afirmou Bush. "O
fim do regime atual [no Iraque]
criará essa oportunidade", disse.
A estratégia de prometer lidar
com a questão palestina -com a
eventual criação de um Estado
palestino, já defendido por Bush
em outras ocasiões- se parece
com aquela adotada pelo presidente George Bush pai na época
da Guerra do Golfo (1991).
Naquele ano, após liderar uma
coalizão que expulsou as tropas
iraquianas do Kuait, os EUA patrocinaram a Conferência de Madri sobre a paz no Oriente Médio.
A reunião foi o embrião dos acordos de paz firmados em 1993 entre Israel e os palestinos, que resultaram na criação da Autoridade Nacional Palestina sob o comando de Iasser Arafat.
O discurso de Bush é mais um
sinal de suas intenções de utilizar
a força militar para desarmar o
Iraque e derrubar o seu regime
-quer conte com o apoio da
ONU ou não.
Os americanos afirmam que desejam estabelecer um governo democrático no Iraque pós-Saddam. Isso foi um dos recados levados ontem por um emissário de
Washington, Zalmay Khalilzad, a
um encontro de líderes da oposição realizado na porção iraquiana
do Curdistão.
EUA, Reino Unido e Espanha
apresentaram ao Conselho de Segurança (CS) nova proposta de
resolução afirmando que Bagdá
não aproveitou a "última chance"
que lhe foi dada para se desarmar.
O governo dos EUA apresentará
um pedido de suplementação orçamentária em caso de guerra,
afirmou Ari Fleischer, porta-voz
da Casa Branca. Ele não quis
adiantar o valor dessa suplementação, que, segundo o jornal "The
Wall Street Journal", poderá chegar a US$ 95 bilhões. A Guerra do
Golfo, em 1991, custou US$ 61,1
bilhões, sem contar os gastos da
reconstrução do Iraque. Esses
gastos foram financiados quase
que totalmente por Kuait, Arábia
Saudita, Alemanha e Japão.
O premiê da Malásia, Mahathir
Mohamad, disse ontem, em Kuala Lumpur (onde acontece uma
reunião da Organização da Conferência Islâmica), que Estados de
maioria muçulmana discutiram a
possibilidade de usar o petróleo
como "arma" para evitar uma
ação militar no Iraque. É extremamente improvável, no entanto,
que essa estratégia seja adotada.
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