|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Famílias se preparam para receber reféns
Parentes de seqüestrados em poder das Farc estão em Caracas; Uribe promete colaborar para libertação hoje
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A um dia do fim de mais de
seis anos de separação, familiares dos quatro reféns que devem ser soltos hoje pelas Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) saíram ontem às compras em Caracas para preparar a chegada dos ex-parlamentares. Em Bogotá, o
presidente Álvaro Uribe se
comprometeu a colaborar com
a Venezuela e facilitar a missão,
da qual participará também o
Comitê Internacional da Cruz
Vermelha (CICV).
A maioria dos familiares chegou à capital venezuelana há
três semanas, logo após as Farc
anunciarem que entregariam
ao governo venezuelano Gloria
Polanco, Luis Eladio Pérez e
Orlando Beltrán -o nome do
quarto refém, Jorge Eduardo
Gechem, só foi informado na
semana passada.
O único que falou às dezenas
de jornalistas de plantão no luxuoso hotel Meliá foi Jaime Felipe Lozada, 23, filho de Polanco. "Depois de seis anos e meio,
será um encontro muito emotivo, muito difícil. Mas feliz, porque vivemos muitas adversidades, e graças a Deus poderemos
vê-la amanhã. Isso nos faz muitíssimo felizes mas também ansiosos", afirmou, antes de saírem de carro para um centro
comercial da cidade, escoltados
pela Guarda Presidencial de
Hugo Chávez.
História trágica
A história da família Polanco
Lozada é um dos maiores símbolos do drama dos seqüestrados. Jaime, seu irmão Juan Sebástian e Gloria foram levados
de sua própria casa pelas Farc,
em 2001. O alvo inicial era o pai,
o ex-governador do departamento de Huila Jaime Lozada,
que estava viajando. Os dois rapazes foram soltos três anos
mais tarde, após o pagamento
de resgate. Pouco depois, porém, o pai foi morto pela guerrilha numa emboscada.
"Sempre pensávamos que
voltaríamos a ser a família de
antes do seqüestro, sempre
pensávamos que os cinco nos
reuniríamos. Infelizmente,
meu pai não está entre nós.
Mas isso nunca foi motivo para
esmorecer, ao contrário, deu
mais força para conseguir a libertação da minha mãe e dos
demais. E estamos os três aqui
para suprir o espaço do meu
pai", disse ontem Jaime Felipe.
A operação de hoje deve ser
semelhante à de 10 de janeiro,
quando foram liberadas a ex-candidata a vice-presidente
Clara Rojas e a ex-deputada
Consuelo González. Um helicóptero venezuelano com a
cruz vermelha do CICV vai
buscar os reféns em área indicada pelas Farc na selva colombiana e levá-los para território
venezuelano. O reencontro deve ocorrer em Caracas.
Ontem, o chanceler colombiano, Fernando Araújo, enviou uma nota a Caracas autorizando a operação para recuperar os reféns. Bogotá voltou a
negar que existam operações
militares perto do provável local da missão, como tem dito o
governo venezuelano.
Segundo explicou anteontem
o ministro do Interior venezuelano, Ramón Rodríguez Chacín, as coordenadas dadas pelas
Farc ao governo venezuelano
só serão reveladas ao piloto do
helicóptero durante o vôo.
A guerrilha disse que liberará
o grupo sob a condição de serem entregues ao governo Chávez e à senadora colombiana
oposicionista Piedad Córdoba,
cujas mediações para um acordo entre o governo colombiano
e o grupo foram interrompidas
em novembro por Uribe.
Na semana passada, Uribe
rejeitou uma proposta franco-brasileira para um grupo de
países mediar um acordo entre
a Colômbia e as Farc a fim de libertar mais 40 reféns do grupo
esquerdista em troca de 500
guerrilheiros presos.
Texto Anterior: "Governo cubano me prometeu abertura na mídia", diz cardeal Próximo Texto: Venezuela: Chávez lança plano contra uso do inglês Índice
|