São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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Rivais palestinos anunciam acordo para futuro governo

Em encontro mediado pelo Egito, Hamas e Fatah lançam bases para reconciliação

Reaproximação dos dois grupos, rompidos desde 2007, é passo positivo para o avanço das negociações de paz entre o Hamas e Israel

DA REDAÇÃO

Os grupos rivais palestinos Hamas e Fatah anunciaram ontem a superação de suas principais divergências e se comprometeram a formar um governo de união nacional provisório até a convocação de novas eleições. A conferência de reconciliação foi realizada no Cairo, sob mediação egípcia.
"Hoje é o dia do começo da união palestina, que permitirá uma nova página na história", disse o número dois do Hamas, Moussa Abu Marzouk, em entrevista coletiva ao final da reunião. "Hoje é um dia histórico e importante", acrescentou o ex-premiê da Autoridade Nacional Palestina, Ahmed Qorei, do Fatah, lado a lado com Marzouk.
Os dois principais grupos palestinos estavam rompidos desde junho de 2007, quando o grupo radical islâmico, vencedor das eleições legislativas de 2006, expulsou o rival da faixa de Gaza por divergências sobre o controle das forças de segurança e o gabinete de união. O poder do laico Fatah ficou então restrito à Cisjordânia.
Uma tentativa anterior de reconciliação, em novembro, havia fracassado por divergências em relação à libertação dos prisioneiros que cada grupo mantém do rival. Mas na última terça o Fatah libertou mais de 40 presos, dos cerca de 80 prometidos, e anteontem novas libertações foram acertadas.
Do encontro de ontem, realizado na sede da inteligência egípcia e sob mediação do chefe do órgão, Omar Suleiman, participaram 12 outros grupos menores palestinos. Segundo participantes, foram ao todo 30 representantes palestinos reunidos por cerca de sete horas em torno da mesma mesa para abrir caminho à reconciliação.
Qorei leu comunicado conjunto em que ficou acordada a criação de cinco comissões para a discussão de detalhes do futuro governo, que começarão a se reunir a partir 10 de março. O Cairo quer que o novo gabinete de consenso esteja formado até o final de março, a tempo de ser legitimado em encontro da Liga Árabe, no Qatar.

Dúvidas
Nem Qorei nem Marzouk entraram, porém, em detalhes sobre pontos-chave para a reconciliação, os quais, disseram, serão tratados nas próximas semanas pelas comissões. Entre eles, estão a divisão do controle sobre as forças de segurança, um dos motivos que originou o racha, e a convocação de eleições presidencial e legislativas.
O mandato do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, expirou em janeiro, mas o Fatah alega que, pela Constituição, sua permanência pode ser estendida até 25 de janeiro de 2010, quando uma eleição deve ser convocada. O mandato do Hamas, porém, segue em vigor.
Aos EUA e à União Europeia interessa que o governo seja composto por tecnocratas não ligados oficialmente ao Hamas. Washington e Bruxelas não consideram o grupo islâmico um interlocutor legítimo e se negam a enviar recursos a um governo com sua participação.
O anúncio de ontem visa ainda a conferência para a reconstrução de Gaza, prevista para segunda no balneário egípcio de Sharm el Sheik, quando as autoridades palestinas pretendem arrecadar US$ 2,8 bilhões.
O sucesso da reconciliação pode ainda dar impulso às negociações, também mediadas pelo Cairo, por um cessar-fogo permanente entre Israel e o Hamas. Entre as exigências israelenses para a reabertura das fronteiras de Gaza, condição imposta pelo Hamas, está a de que a ANP assuma a segurança.

Com agências internacionais


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