|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rivais palestinos anunciam acordo para futuro governo
Em encontro mediado pelo Egito, Hamas e Fatah lançam bases para reconciliação
Reaproximação dos dois grupos, rompidos desde 2007, é passo positivo para o avanço das negociações de paz entre o Hamas e Israel
DA REDAÇÃO
Os grupos rivais palestinos
Hamas e Fatah anunciaram ontem a superação de suas principais divergências e se comprometeram a formar um governo
de união nacional provisório
até a convocação de novas eleições. A conferência de reconciliação foi realizada no Cairo,
sob mediação egípcia.
"Hoje é o dia do começo da
união palestina, que permitirá
uma nova página na história",
disse o número dois do Hamas,
Moussa Abu Marzouk, em entrevista coletiva ao final da reunião. "Hoje é um dia histórico e
importante", acrescentou o ex-premiê da Autoridade Nacional
Palestina, Ahmed Qorei, do Fatah, lado a lado com Marzouk.
Os dois principais grupos palestinos estavam rompidos desde junho de 2007, quando o
grupo radical islâmico, vencedor das eleições legislativas de
2006, expulsou o rival da faixa
de Gaza por divergências sobre
o controle das forças de segurança e o gabinete de união. O
poder do laico Fatah ficou então restrito à Cisjordânia.
Uma tentativa anterior de reconciliação, em novembro, havia fracassado por divergências
em relação à libertação dos prisioneiros que cada grupo mantém do rival. Mas na última terça o Fatah libertou mais de 40
presos, dos cerca de 80 prometidos, e anteontem novas libertações foram acertadas.
Do encontro de ontem, realizado na sede da inteligência
egípcia e sob mediação do chefe
do órgão, Omar Suleiman, participaram 12 outros grupos menores palestinos. Segundo participantes, foram ao todo 30 representantes palestinos reunidos por cerca de sete horas em
torno da mesma mesa para
abrir caminho à reconciliação.
Qorei leu comunicado conjunto em que ficou acordada a
criação de cinco comissões para a discussão de detalhes do
futuro governo, que começarão
a se reunir a partir 10 de março.
O Cairo quer que o novo gabinete de consenso esteja formado até o final de março, a tempo
de ser legitimado em encontro
da Liga Árabe, no Qatar.
Dúvidas
Nem Qorei nem Marzouk
entraram, porém, em detalhes
sobre pontos-chave para a reconciliação, os quais, disseram,
serão tratados nas próximas semanas pelas comissões. Entre
eles, estão a divisão do controle
sobre as forças de segurança,
um dos motivos que originou o
racha, e a convocação de eleições presidencial e legislativas.
O mandato do presidente da
ANP, Mahmoud Abbas, expirou em janeiro, mas o Fatah
alega que, pela Constituição,
sua permanência pode ser estendida até 25 de janeiro de
2010, quando uma eleição deve
ser convocada. O mandato do
Hamas, porém, segue em vigor.
Aos EUA e à União Europeia
interessa que o governo seja
composto por tecnocratas não
ligados oficialmente ao Hamas.
Washington e Bruxelas não
consideram o grupo islâmico
um interlocutor legítimo e se
negam a enviar recursos a um
governo com sua participação.
O anúncio de ontem visa ainda a conferência para a reconstrução de Gaza, prevista para
segunda no balneário egípcio
de Sharm el Sheik, quando as
autoridades palestinas pretendem arrecadar US$ 2,8 bilhões.
O sucesso da reconciliação
pode ainda dar impulso às negociações, também mediadas
pelo Cairo, por um cessar-fogo
permanente entre Israel e o
Hamas. Entre as exigências israelenses para a reabertura das
fronteiras de Gaza, condição
imposta pelo Hamas, está a de
que a ANP assuma a segurança.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Queda de avião: Parada de motor pode ser a causa Próximo Texto: Vaticano: Bispo pede perdão a vítimas do Holocausto Índice
|