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Dissidentes cubanos iniciam greve de fome
Opositores dizem prestar homenagem a Zapata, morto na terça, e exigem libertação de estimados 200 detidos políticos
Quatro dos novos grevistas cumprem penas de prisão por supostamente servir ao governo dos EUA; ex-preso político também adere
DA REDAÇÃO
Desde a morte, na terça-feira,
do prisioneiro político cubano
Orlando Zapata Tamayo, após
85 dias em greve de fome, quatro outros presos políticos e um
dissidente do regime recorreram ao mesmo meio de protesto contra o regime comunista,
informou ontem a Comissão
Cubana de Direitos Humanos.
Segundo o órgão -ilegal, mas
tolerado por Havana-, os quatro grevistas hoje detidos o foram durante a onda de repressão promovida pelo ex-ditador
cubano Fidel Castro em 2003 e
que resultou na prisão de 75
dissidentes, no episódio conhecido como a "primavera negra".
Diosdado González, 47,
Eduardo Díaz, 58, Fidel Suárez,
49, e Nelson Molinet, 45, cumprem penas de mais de 20 anos
de reclusão por supostamente
servir ao governo dos EUA em
prisões em Pinar del Río (150
km a oeste da capital) e foram
transferidos para celas "de alto
castigo e solitárias", segundo a
comissão.
O quinto dissidente agora em
greve de fome é o ex-preso político Guillermo Fariñas, 48, que
se encontra em sua residência
na cidade de Placetas (região
central) e afirma se negar "inclusive a beber água". Fariñas
possui histórico de prisões e de
adesão à medida de protesto.
Ao anunciar as novas greves
de fome, a comissão de direitos
humanos disse se opor às medidas, uma vez que "o governo
não responde humanamente a
esse tipo de protesto pacífico".
À agência de notícias Efe Fariñas afirmou ter iniciado a greve de fome em homenagem à
"imolação" de Zapata e para
que Raúl Castro, "não incorra
em outros assassinatos de presos políticos cubanos".
Fariñas disse ainda ter escrito uma carta dirigida a Raúl na
qual pede ao dirigente máximo
cubano, que na quarta completou dois anos no cargo, que demonstre aos cubanos e aos observadores estrangeiros que
não é "cruel nem desumano".
"Se a morte de Zapata não foi
uma vingança política planejada, ordene a libertação imediata dos réus", cobrou.
Fariñas afirmou ter tomado a
decisão anteontem, depois de
ser detido e ter sofrido maltratos pelos agentes de segurança
ao tentar comparecer -sem sucesso, assim como outros opositores- ao enterro de Zapata.
Os grevistas cobram ainda a
libertação dos estimados 200
presos políticos mantidos pelo
regime comunista, segundo a
comissão de direitos humanos.
A morte de Zapata provocou
fortes protestos internacionais
e criou uma saia-justa para o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que fazia sua viagem de
despedida ao país como mandatário brasileiro.
Ao lado do brasileiro, Raúl
atribuiu as mortes à "confrontação" com os EUA, que mantêm um embargo econômico à
ilha desde 1962. Segundo o dirigente, o dissidente, detido também em 2003, era outro que
servia ao governo americano.
Os EUA retorquiram, afirmando que o dissidente se encontrava sob custódia cubana e
que, portanto, sua morte era de
responsabilidade de Havana.
"Granma"
Ontem, sem até o momento
ter noticiado a morte de Zapata, por meio do "Granma", jornal oficial do Partido Comunista, o regime dos irmãos Castro
voltou a atacar os EUA, qualificando de "vergonhosas" as prisões americanas, "em que morrem 7.000 pessoas" todo ano.
Recorrendo a fontes da imprensa americana em alguns
casos e a nenhuma fonte em
outros, o jornal listou problemas do sistema carcerário do
país, "profundamente racista"
contra negros e hispânicos.
A morte de Zapata só foi noticiada indiretamente, por meio
das declarações de Raúl negando responsabilidade pelo caso
na quarta-feira, no site Cubadebate. A notícia, no entanto,
foi logo depois retirada do ar.
Com agências internacionais
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