São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governador de Nova York desiste de reeleição

Decisão vem após revelação de que ele teria convencido namorada de assessor a desistir de processo

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Menos de uma semana após o início oficial de sua campanha de reeleição, o governador de Nova York, David Paterson, abandonou a disputa para as eleições em novembro.
A desistência ocorreu depois que Paterson teve seu nome ligado a um escândalo envolvendo um assessor. O jornal "The New York Times" revelou que Paterson conversou com uma mulher que havia acusado um assessor estadual de lesão corporal. Após a conversa, ela faltou a uma audiência judicial, e o processo foi arquivado.
O caso envolvia a namorada do assessor David W. Johnson, de 37 anos. A namorada disse à Polícia de Nova York que ele a sufocou e a jogou contra uma penteadeira. Ela afirmou ainda que o assessor a impediu de procurar socorro. A mulher conseguiu uma ordem judicial impedindo que Johnson se aproximasse dela, mas disse ter sido pressionada a abandonar as acusações.
O episódio levantou dúvidas quanto ao papel da interferência de Paterson no caso. Além da repercussão negativa, ele ainda lidava com apelos de democratas em nível nacional e estadual para que abandonasse a disputa. A pressão para que não concorresse mais continuou ao longo de toda a semana. Antes do escândalo, Paterson já vinha enfrentando críticas sobre as dificuldades do Estado para superar problemas econômicos.
Paterson, no entanto, fez questão de negar qualquer tipo de irregularidade. "Jamais abusei do meu cargo, nem agora nem nunca", disse.
Ele assumiu o governo em 2008, depois que o governador Eliot Spitzer, de quem era vice, renunciou em meio a um escândalo sexual.
"Estou sendo realista quanto à política. Existem momentos na política em que você precisa saber não almejar um cargo mas retroceder, e esse momento chegou para mim", disse Paterson, primeiro governador negro da história de Nova York.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que os relatos sobre o governador eram "perturbadores". Gibbs disse que não conversou com o presidente Barack Obama sobre o assunto. "Mas qualquer um que tenha lido as reportagens acredita que Paterson tomou a decisão certa", disse.
A situação de Paterson, que enfrentava há meses uma campanha contra ele na imprensa local e havia perdido o apoio da Casa Branca, era um problema a mais para o Partido Democrata, que corria o risco de perder as eleições no Estado.
A decisão de Paterson beneficia o procurador-geral de Nova York, Andrew Cuomo, que disputava com ele a indicação do partido para concorrer às eleições em novembro.
O prefeito de Nova York, o opositor Michael Bloomberg, lamentou o episódio.
"Penso que a coisa toda é muito triste. Não é bom para o Estado ter um governo que não funciona tão bem como precisamos que funcione nesses tempos econômicos tão difíceis", disse.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.