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Governador de Nova York desiste de reeleição
Decisão vem após revelação de que ele teria convencido namorada de assessor a desistir de processo
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Menos de uma semana após
o início oficial de sua campanha
de reeleição, o governador de
Nova York, David Paterson,
abandonou a disputa para as
eleições em novembro.
A desistência ocorreu depois
que Paterson teve seu nome ligado a um escândalo envolvendo um assessor. O jornal "The
New York Times" revelou que
Paterson conversou com uma
mulher que havia acusado um
assessor estadual de lesão corporal. Após a conversa, ela faltou a uma audiência judicial, e o
processo foi arquivado.
O caso envolvia a namorada
do assessor David W. Johnson,
de 37 anos. A namorada disse à
Polícia de Nova York que ele a
sufocou e a jogou contra uma
penteadeira. Ela afirmou ainda
que o assessor a impediu de
procurar socorro. A mulher
conseguiu uma ordem judicial
impedindo que Johnson se
aproximasse dela, mas disse ter
sido pressionada a abandonar
as acusações.
O episódio levantou dúvidas
quanto ao papel da interferência de Paterson no caso. Além
da repercussão negativa, ele
ainda lidava com apelos de democratas em nível nacional e
estadual para que abandonasse
a disputa. A pressão para que
não concorresse mais continuou ao longo de toda a semana. Antes do escândalo, Paterson já vinha enfrentando críticas sobre as dificuldades do Estado para superar problemas
econômicos.
Paterson, no entanto, fez
questão de negar qualquer tipo
de irregularidade. "Jamais abusei do meu cargo, nem agora
nem nunca", disse.
Ele assumiu o governo em
2008, depois que o governador
Eliot Spitzer, de quem era vice,
renunciou em meio a um escândalo sexual.
"Estou sendo realista quanto
à política. Existem momentos
na política em que você precisa
saber não almejar um cargo
mas retroceder, e esse momento chegou para mim", disse Paterson, primeiro governador
negro da história de Nova York.
O porta-voz da Casa Branca,
Robert Gibbs, disse que os relatos sobre o governador eram
"perturbadores". Gibbs disse
que não conversou com o presidente Barack Obama sobre o
assunto. "Mas qualquer um que
tenha lido as reportagens acredita que Paterson tomou a decisão certa", disse.
A situação de Paterson, que
enfrentava há meses uma campanha contra ele na imprensa
local e havia perdido o apoio da
Casa Branca, era um problema
a mais para o Partido Democrata, que corria o risco de perder
as eleições no Estado.
A decisão de Paterson beneficia o procurador-geral de Nova
York, Andrew Cuomo, que disputava com ele a indicação do
partido para concorrer às eleições em novembro.
O prefeito de Nova York, o
opositor Michael Bloomberg,
lamentou o episódio.
"Penso que a coisa toda é
muito triste. Não é bom para o
Estado ter um governo que não
funciona tão bem como precisamos que funcione nesses
tempos econômicos tão difíceis", disse.
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