São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011

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ONDA DE REVOLTAS

Antes de duelo final, Gaddafi arma civis

Ditador da Líbia se prepara para batalha pela capital, Trípoli, seu último reduto; ONU decide hoje sobre sanções

Grupos de rebeldes já controlam todo o leste do país e algumas áreas perto da fronteira com a Tunísia, na região oeste


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, passou a armar os seus partidários civis para que sejam montadas barricadas e postos de controle por Trípoli, último grande reduto governista do país, disseram ontem residentes da capital.
Os relatos surgem um dia depois de manifestantes antirregime terem sido recebidos a bala ao tentar se aproximar do centro da cidade.
Também anteontem, Gaddafi havia prometido, no seu quarto pronunciamento público da semana, "abrir os depósitos de armas no momento apropriado para que líbios e as tribos se armem".
Nos discursos anteriores, o ditador já havia conclamado seus partidários a perseguirem rebeldes em casa.
A intensificação dos confrontos em Trípoli e a perspectiva de que a capital líbia, onde vivem 2 milhões de pessoas -um terço do país-, se torne palco de violentos conflitos apontam para crescente isolamento de Gaddafi.
Grupos rebeldes já controlam todo o leste do país, incluindo Benghazi -segunda maior cidade e onde os protestos começaram-, localidades a oeste de Trípoli até a divisa com a Tunísia e grande parte dos poços de petróleo.
Relatos não confirmados de anteontem indicavam que inclusive partes da capital estariam sob controle rebelde.
Desde a intensificação dos protestos na Líbia, há cerca de uma semana, já passa de mil a estimativa de mortos.
A repressão no país já é a mais violenta da onda de revoltas antigoverno no mundo árabe, que desde meados do mês passado derrubou os ditadores de Tunísia e Egito.
Gaddafi, desde 1969 no poder, é o mais longevo mandatário do continente africano.

DIPLOMACIA
A iminente chegada a Trípoli dos protestos é acompanhada no front diplomático por intensa movimentação internacional contra o líbio.
Ontem, o Conselho de Segurança da ONU planejava se encontrar pelo segundo dia para discutir a aplicação de sanções, entre outras medidas, contra Gaddafi.
Além do embargo na venda de armas e o congelamento de bens do ditador e seus familiares no exterior, o órgão discute uma eventual petição para que o Tribunal Penal Internacional (TPI) investigue o ditador líbio por crimes contra a humanidade.
A corte julga indivíduos acusados de crimes do tipo e foi responsável pelo pedido de prisão contra o ditador do Sudão, Omar al Bashir.
A chance de isso acontecer, no entanto, ainda é por ora considerada reduzida.
O Brasil ocupa uma das 15 cadeiras do Conselho de Segurança e atualmente preside o organismo da ONU.
À margem da ONU, no entanto, vários países já se movimentam para aplicar punições unilaterais a Gaddafi.
Anteontem, os EUA anunciaram a intenção de aplicar sanções ao país, mas não especificaram que medidas seriam adotadas. Especula-se que incluiriam restrições na linha das discutidas na ONU.
O governo americano fechou sua embaixada na Líbia e manifestou apoio à possibilidade de o país vir a ser suspenso das Nações Unidas.
A União Europeia também disse pretender impor sanções contra o ditador líbio.


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