São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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entrevista

Campo cansou de pagar festa, diz produtor

DE BUENOS AIRES

Quatro entidades que reúnem produtores agrícolas são responsáveis pelo protesto do campo argentino. Mario Llambias, presidente das Confederações Rurais Argentinas (CRA), é um dos principais porta-vozes do movimento, e seu grupo mantém forte oposição ao governo.

 

FOLHA - Qual a principal reivindicação da paralisação?
MARIO LLAMBIAS
- Queremos que o governo retire as últimas retenções. Com elas, os produtores não podem captar os melhores preços do mercado internacional. Colocando tetos nos ganhos, o governo desestimula o cultivo.

FOLHA- Como viu o discurso de Cristina?
LLAMBIAS
- Cristina perdeu a oportunidade de promover o diálogo e desvirtuou nosso protesto. Mas o tom usado gerou a reação não só do campo, mas do resto da sociedade. Não esperávamos o apoio da opinião pública, porque nossa paralisação está privando as pessoas de alimentos.

FOLHA - Por que Cristina qualificou os protestos de piquetes da abundância?
LLAMBIAS
- Para ela, somos extorsionários. Mas ela se esquece que o que a Argentina cresceu nos últimos anos foi graças ao setor agropecuário. O que ganhamos investimos de volta no campo, em postos de trabalho. Supor que todos os produtores ganham muito, são latifundiários, é uma maneira equivocada de achar problemas.

FOLHA - Até que ponto o setor pode insistir na paralisação sem sofrer grandes perdas?
LLAMBIAS
- Se os produtores estão fazendo um protesto deste tamanho agora, é por que imaginam que o futuro pode ser pior. Não estão medindo as conseqüências de suas perdas com a paralisação porque estão cansados desta política em que o campo paga a festa, instalada desde o governo de Néstor Kirchner.


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