Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista
Campo cansou de pagar festa, diz produtor
DE BUENOS AIRES
Quatro entidades que
reúnem produtores agrícolas são responsáveis pelo protesto do campo argentino. Mario Llambias,
presidente das Confederações Rurais Argentinas
(CRA), é um dos principais
porta-vozes do movimento, e seu grupo mantém
forte oposição ao governo.
FOLHA - Qual a principal reivindicação da paralisação?
MARIO LLAMBIAS - Queremos que o governo retire
as últimas retenções. Com
elas, os produtores não podem captar os melhores
preços do mercado internacional. Colocando tetos
nos ganhos, o governo desestimula o cultivo.
FOLHA- Como viu o discurso
de Cristina?
LLAMBIAS - Cristina perdeu
a oportunidade de promover o diálogo e desvirtuou
nosso protesto. Mas o tom
usado gerou a reação não
só do campo, mas do resto
da sociedade. Não esperávamos o apoio da opinião
pública, porque nossa paralisação está privando as
pessoas de alimentos.
FOLHA - Por que Cristina qualificou os protestos de piquetes da abundância?
LLAMBIAS - Para ela, somos
extorsionários. Mas ela se
esquece que o que a Argentina cresceu nos últimos anos foi graças ao setor agropecuário. O que
ganhamos investimos de
volta no campo, em postos
de trabalho. Supor que todos os produtores ganham
muito, são latifundiários, é
uma maneira equivocada
de achar problemas.
FOLHA - Até que ponto o setor pode insistir na paralisação
sem sofrer grandes perdas?
LLAMBIAS - Se os produtores estão fazendo um protesto deste tamanho agora, é por que imaginam
que o futuro pode ser pior.
Não estão medindo as
conseqüências de suas
perdas com a paralisação
porque estão cansados
desta política em que o
campo paga a festa, instalada desde o governo de
Néstor Kirchner.
Texto Anterior: Sem diálogo, crise rural argentina se agrava Próximo Texto: Entrevista: Kirchnerista vê golpismo em protestos Índice
|