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SUCESSÃO NOS EUA / RINGUE DEMOCRATA
Hillary mina candidatura de Obama
Idéia seria fortalecer candidato republicano para poder concorrer de novo em 2012, dizem assessores
Tática foi batizada com
o nome da ex-patinadora Tonya Harding, que em véspera de competição mandou espancar rival
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Hillary Clinton já reconheceu que não tem mais chances
de ser a indicada à sucessão
presidencial nos EUA pelo Partido Democrata e por isso aumentou nos últimos dias -e
aumentará cada vez mais nos
próximos- o tom dos ataques
ao provável escolhido, Barack
Obama. A idéia é enfraquecer o
senador ante a opinião pública
para que o republicano John
McCain vença em novembro.
Segundo o raciocínio, com a
derrota de Obama nas urnas e
pela idade do candidato da situação, que terá 72 anos e será o
político mais velho a assumir a
Casa Branca na história dos
EUA caso vença, Hillary voltaria à disputa já em 2012, dessa
vez como a favorita. Se Obama
ganhar, ele seria o candidato
natural do partido à reeleição.
Quem diz isso são membros
do comando da campanha da
ex-primeira-dama, que preferem não ser identificados, em
conversas com jornalistas norte-americanos. A estratégia foi
batizada de "Tática Tonya Harding", alusão à patinadora norte-americana que em 1994
mandou quebrar os joelhos da
concorrente, Nancy Kerrigan,
durante as eliminatórias de um
campeonato.
O pensamento, segundo esses relatos, é o de que Hillary
chegará à convenção nacional
democrata, no final de agosto,
atrás de Obama em número de
delegados (participantes votantes) e votos populares e empatada em número de superdelegados, que são membros do
partido que podem votar em
qualquer um dos dois candidatos -isso tornaria a escolha do
senador inevitável.
Patriotismo
Daí os ataques dos últimos
dias. Entre outros, a senadora
voltou a tocar na relação do polêmico pastor Jeremiah Wright
com Obama, dizendo que "ele
não seria meu pastor", o ex-presidente Bill Clinton sugeriu
que o senador não era tão patriota quanto sua mulher e
McCain e o governador Bill Richardson foi chamado de "Judas" pelo marqueteiro James
Carville, ligado aos Clinton, ao
anunciar seu apoio ao rival.
Em evento na tarde de ontem, Hillary disse que não era
boa em desistir. Em conferência telefônica, seus assessores
fizeram o mesmo. Mais recentemente, começaram a bater
numa nova tecla, a de que os delegados escolhidos em prévias
democratas até agora não devem votar de acordo com o desejo dos eleitores, mas de acordo com sua consciência.
"Como você sabe, Mark, cada
delegado, com muito poucas
exceções, é livre para decidir
em quem ele ou ela vai votar",
disse ela a um jornalista da revista "Time", em entrevista que
foi colocada no ar na tarde de
ontem no site da revista. "Espera-se de cada delegado que
exerça livremente sua escolha."
Foi a terceira vez em dois dias
que ela defendeu a tese.
"Divisão profunda"
A "Tática Tonya Harding"
parece encontrar justificativa
entre os que preferem a senadora. Segundo pesquisa do Gallup divulgada ontem, 28% dos
que se declaram eleitores de
Hillary Clinton dizem que votarão no republicano John
McCain caso Barack Obama seja o escolhido dos democratas.
Já entre os obamistas, esse índice cai para 19%.
"Alguns eleitores de Hillary
se opõem tão fortemente a
Obama ou são tão leais à senadora que chegariam ao ponto
de votar no candidato de outro
partido", disse Frank Newport,
do Gallup. "Quando quase três
em cada dez eleitores de Hillary preferem votar em
McCain a votar em Obama, isso
sugere que a divisão está ficando mais profunda no partido",
segundo o levantamento.
"Se a briga pela candidatura
continuar até a convenção de
Denver no final de agosto, o
partido pode sofrer alguns danos ao tentar se reagrupar para
as eleições de novembro."
A pesquisa foi feita entre 7 e
22 de março, ouviu 6.600 eleitores democratas e tem margem de erro de dois pontos percentuais em ambas as direções.
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