São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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2 israelenses e 4 palestinos morrem em confronto em Gaza

Tanques de Israel entram no território palestino após enfrentamento, mais grave incidente desde a ofensiva militar do início de 2009

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Dois soldados israelenses e quatro palestinos morreram ontem em um confronto na fronteira da faixa de Gaza, o mais grave incidente desde a ofensiva militar de Israel no território, em janeiro de 2009.
Segundo o Exército israelense, uma patrulha abriu fogo contra militantes palestinos que plantavam explosivos perto da fronteira sul de Gaza. Na troca de disparos, um soldado e um oficial israelense foram mortos, além de dois militantes palestinos. Tanques israelenses avançaram para dar apoio aos soldados, mas logo recuaram para a fronteira.
Nas últimas semanas, a relativa calma que prevaleceu por mais de um ano na fronteira parecia em risco, com uma série de operações militares israelenses em reação ao lançamento de foguetes de Gaza. Na semana passada, um dos ataques matou um tailandês que trabalhava numa fazenda de Israel.
Alguns analistas viram o reinício dos disparos contra Israel como um sinal de que o movimento islâmico Hamas não está conseguindo conter a ação de grupos mais radicais, apesar de seu interesse em manter a trégua com Israel.
Três grupos palestinos assumiram a autoria do ataque de ontem, incluindo o braço militar do Hamas, Brigadas Izzedine al Qassam. Os outros foram as Brigadas de al Aqsa, originalmente ligadas ao secular Fatah, rival do Hamas, e o autointitulado Taleban Palestino, pouco conhecido.
Abu Obeida, porta-voz do Izzedine al Qassam, disse que os soldados foram emboscados numa operação de "autodefesa". "Uma força israelense avançou 500 metros em território palestino e foi confrontada por nossos atiradores", disse Obeida.
Escaramuças são constantes na fronteira, e o Exército de Israel vem tentando estabelecer uma zona-tampão de cerca de 800 metros para diminuir o risco de infiltrações e ataques.
"Este é um incidente trágico e doloroso para nós", disse a porta-voz do Exército israelense Avital Leibowitz. "No sul de Israel, nos sentimos em guerra diariamente."
O Exército israelense prometeu uma resposta firme, que poderá incluir operações de retaliação no interior de Gaza. De acordo com testemunhas, cinco tanques israelenses ficaram postados no lado palestino da fronteira.
No fim de 2008, Israel lançou uma grande ofensiva contra o Hamas, que controla Gaza, em resposta aos foguetes disparados contra o seu território. Em três semanas de ataques, cerca de 1.400 palestinos foram mortos, e grande parte de Gaza foi arrasada. Na operação, dez soldados israelenses morreram.
O incidente de ontem ocorre em meio às tensões entre Israel e os EUA, que não chegam a um acordo para o reinício das negociações com os palestinos. Pressionado pelo governo Obama a parar as construções na Cisjordânia ocupada, inclusive Jerusalém Oriental, Israel não parece disposto a ceder.
Após voltar de uma viagem a Washington que a imprensa local classificou de "humilhante", o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, reuniu ontem ministros para decidir que resposta dar aos EUA, mas avisou: as construções continuarão.


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