São Paulo, domingo, 27 de março de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Rebeldes reconquistam cidade da Líbia Retomada de Ajdabiyah só foi possível após início de bombardeios aéreos e navais de aliados, com aval da ONU Insurgentes afirmam que pretendem retomar ofensiva em direção à fortaleza de Muammar Gaddafi, em Trípoli
SAMY ADGHIRNI ENVIADO ESPECIAL A AJDABIYAH (LÍBIA) Forças rebeldes reconquistaram ontem Ajdabiyah, no leste da Líbia, depois de um bombardeio realizado por aviões franceses e britânicos sobre os tanques e as tropas de artilharia leais ao ditador Muammar Gaddafi. A reconquista abre caminho para a continuação da contraofensiva rebelde em direção à capital, Trípoli. Surgida após dias de combates e severas baixas, a queda de Ajdabiyah é a maior conquista militar e moral dos insurgentes desde que começaram a receber um apoio aéreo tido como indispensável. Horas após recuperar o controle sobre Ajdabiyah, perdido na semana passada durante fulminante avanço do Exército, insurgentes também recuperaram Brega. Havia relatos de que a ofensiva rebelde continuara até retomar também Ras Lanuf. O vice-chanceler líbio, Khaled Kaim, reconheceu a perda de Ajdabiyah e voltou a criticar a operação militar. DESTRUIÇÃO E FESTA Ajdabiyah ostentava ontem as marcas dos combates que assolaram a cidade nos últimos oito dias, principalmente nos bairros periféricos por onde os rebeldes tentaram entrar durante dias. Havia dezenas de carcaças carbonizadas de tanques e blindados alvejados por caças aliados nos arredores da cidade. Casas, mesquitas e comércios estavam total ou parcialmente destruídos. A maior parte dos corpos havia sido retirada quando a Folha visitou a cidade, mas ainda havia alguns ao lado dos pontos bombardeados. A Folha viu um rebelde atirar com fuzil num cadáver em putrefação avançada. Pessoas que passavam cuspiam no corpo -aparentemente, de mercenário subsaariano. Combates deixaram dezenas de mortos, mas o número preciso era incerto. Apesar da destruição e do onipresente cheiro de podridão, Ajdabiyah foi dominada pela euforia ontem. As ruas estavam tomadas por incessante buzinaço e cheias de pessoas rindo e cantando. "Após agradecer a Alá, agradecemos [ao presidente francês Nicolas] Sarkozy, que nos permitiu chegar até aqui", disse Mohamed Jamal, 29. "Vamos tomar Ras Lanuf, Sirte e chegar a Trípoli para degolar Gaddafi." MISRATA Segundo relatos de insurgentes, forças pró-Gaddafi frearam seus ataques a Misrata, a oeste de Ajdabiyah, depois de terem sido atingidas por ataques da coalizão. As Forças Armadas da França disseram ter destruído cinco aviões militares líbios e dois helicópteros que se preparavam para atacar posições rebeldes na cidade. Moradores dizem que franco-atiradores a serviço do ditador ainda controlam entradas de Misrata e alvejam civis -o que, conforme relatos não confirmados, resultou em 115 mortes em sete dias. A ação militar contra Gaddafi começou há oito dias, após autorização da ONU. Em Manaus para o Fórum Mundial de Sustentabilidade, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton comentou a onda de revoltas: "Vai ser mais difícil construir estabilidade nesses países do que foi para derrubar a velha ordem". Com MARIANA BARBOSA , enviada a Manaus, e agências de notícias Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Grato, rebelde dá ao filho nome do francês Sarkozy Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |