São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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Rebeldes reconquistam cidade da Líbia

Retomada de Ajdabiyah só foi possível após início de bombardeios aéreos e navais de aliados, com aval da ONU

Insurgentes afirmam que pretendem retomar ofensiva em direção à fortaleza de Muammar Gaddafi, em Trípoli


Patrick Baz/France Presse
Rebeldes líbios comemoram a reconquista de Ajdabiyah sobre destroços de tanque do regime atingido em ataque aéreo

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A AJDABIYAH (LÍBIA)

Forças rebeldes reconquistaram ontem Ajdabiyah, no leste da Líbia, depois de um bombardeio realizado por aviões franceses e britânicos sobre os tanques e as tropas de artilharia leais ao ditador Muammar Gaddafi.
A reconquista abre caminho para a continuação da contraofensiva rebelde em direção à capital, Trípoli.
Surgida após dias de combates e severas baixas, a queda de Ajdabiyah é a maior conquista militar e moral dos insurgentes desde que começaram a receber um apoio aéreo tido como indispensável.
Horas após recuperar o controle sobre Ajdabiyah, perdido na semana passada durante fulminante avanço do Exército, insurgentes também recuperaram Brega.
Havia relatos de que a ofensiva rebelde continuara até retomar também Ras Lanuf. O vice-chanceler líbio, Khaled Kaim, reconheceu a perda de Ajdabiyah e voltou a criticar a operação militar.

DESTRUIÇÃO E FESTA
Ajdabiyah ostentava ontem as marcas dos combates que assolaram a cidade nos últimos oito dias, principalmente nos bairros periféricos por onde os rebeldes tentaram entrar durante dias.
Havia dezenas de carcaças carbonizadas de tanques e blindados alvejados por caças aliados nos arredores da cidade. Casas, mesquitas e comércios estavam total ou parcialmente destruídos.
A maior parte dos corpos havia sido retirada quando a Folha visitou a cidade, mas ainda havia alguns ao lado dos pontos bombardeados.
A Folha viu um rebelde atirar com fuzil num cadáver em putrefação avançada. Pessoas que passavam cuspiam no corpo -aparentemente, de mercenário subsaariano. Combates deixaram dezenas de mortos, mas o número preciso era incerto.
Apesar da destruição e do onipresente cheiro de podridão, Ajdabiyah foi dominada pela euforia ontem. As ruas estavam tomadas por incessante buzinaço e cheias de pessoas rindo e cantando.
"Após agradecer a Alá, agradecemos [ao presidente francês Nicolas] Sarkozy, que nos permitiu chegar até aqui", disse Mohamed Jamal, 29. "Vamos tomar Ras Lanuf, Sirte e chegar a Trípoli para degolar Gaddafi."

MISRATA
Segundo relatos de insurgentes, forças pró-Gaddafi frearam seus ataques a Misrata, a oeste de Ajdabiyah, depois de terem sido atingidas por ataques da coalizão. As Forças Armadas da França disseram ter destruído cinco aviões militares líbios e dois helicópteros que se preparavam para atacar posições rebeldes na cidade.
Moradores dizem que franco-atiradores a serviço do ditador ainda controlam entradas de Misrata e alvejam civis -o que, conforme relatos não confirmados, resultou em 115 mortes em sete dias.
A ação militar contra Gaddafi começou há oito dias, após autorização da ONU.
Em Manaus para o Fórum Mundial de Sustentabilidade, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton comentou a onda de revoltas: "Vai ser mais difícil construir estabilidade nesses países do que foi para derrubar a velha ordem".

Com MARIANA BARBOSA , enviada a Manaus, e agências de notícias


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