São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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EUA decretam emergência por gripe suína

Foram confirmados 20 casos da doença em 5 Estados americanos, mas não há mortes registradas; vítimas estiveram no México

Países de Oriente Médio, Oceania e Europa também registram casos suspeitos da doença, aumentando temores de uma pandemia


Alfredo Estrella/France Press
Família caminha pela avenida Juarez, na Cidade do México

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O governo dos Estados Unidos decretou ontem situação de emergência em saúde pública devido à disseminação da gripe suína pelo país. Foram confirmados 20 casos em cinco Estados dos EUA, e agentes de saúde disseram esperar encontrar inúmeros outros à medida em que se investiga a rota do vírus H1N1, causador da doença.
Os primeiros diagnósticos nos EUA foram feitos na Califórnia, com 7 casos, e no Texas, com 2. Nos últimos dias a doença se espalhou para Ohio, com 1 caso comprovado, Kansas (2) e Nova York (8). Não houve mortes relacionadas à doença em solo norte-americano por enquanto.
Já no México, onde o surto é mais forte, ao menos 22 pessoas morreram comprovadamente por causa da doença. Desde 13 de abril, houve mais de 1.600 casos suspeitos e 103 mortes cuja causa provável foi a gripe suína.
O governo mexicano ordenou o fechamento de escolas no Distrito Federal e nos Estados de México e San Luis Potosí até no mínimo dia 6 de maio. Membros do Exército foram às ruas da Cidade do México ontem para distribuir máscaras de respiração a transeuntes.
Foram também confirmados quatro contaminações com o vírus da gripe suína na Costa Leste do Canadá. Os doentes são estudantes que haviam feito uma excursão recente para o México e têm sintomas moderados, segundo as autoridades.
Elevando temores de pandemia, há 34 casos de suspeita da gripe em países de Oceania, Europa, Oriente Médio e América do Sul. São 10 suspeitas na Nova Zelândia, 9 na Colômbia, 8 na Espanha, 4 na França, 2 na Austrália e 1 em Israel.
A Organização Mundial de Saúde alertou no sábado para o "potencial pandêmico do novo vírus", mas manteve o nível de alerta três, de uma escala até seis. O nível de alerta deverá ser reavaliado amanhã.

Prontidão
A secretária de Segurança Interna dos EUA, Janet Napolitano, tentou em entrevista coletiva ontem evitar o pânico entre a população. Segundo ela, estabelecer a situação de emergência é um procedimento padrão e deve ser considerada "uma declaração de prontidão emergencial". "Estamos nos preparando em um ambiente no qual realmente não sabemos qual será a seriedade deste surto."
A maioria dos casos no país até agora são moderados e apenas um dos doentes foi hospitalizado. A declaração de emergência poderá liberar verba para diagnóstico e prevenção de casos adicionais, além da compra de remédios antivirais.
Os governos dos EUA e do México estão trabalhando juntos para interromper fluxos de transmissão do vírus de um para o outro. Segundo John Brennan, assistente do presidente Barack Obama para segurança doméstica e contraterrorismo, "nossa prioridade agora é garantir que a comunicação seja robusta e que os esforços de vigilância médica estejam totalmente ativados."
Autoridades de Saúde e da Segurança Interna nos EUA recomendaram a elaboração de planos de contingência para o fechamento de escolas. O Centro de Controle de Doenças (CDC) está preparando um cartão com informações sobre os sintomas a viajantes que chegam e saem do país.
Em Nova York, os casos deram início a uma onda de medo. O prefeito Michael Bloomberg afirmou que mais de cem estudantes da escola particular de segundo grau St. Francis, em Queens, relataram sintomas de gripe, mas que por enquanto apenas oito foram confirmados como causados pelo H1N1. Alguns estudantes haviam viajado ao México no feriado da primavera, há duas semanas.
Segundo Bloomberg, os casos são leves e a maioria está se recuperando sem a necessidade de antivirais, mas familiares dos doentes também apresentaram sintomas, "sugerindo que a doença está se espalhando de pessoa para pessoa". A St. Francis suspendeu as aulas.

Novo tipo
Entre 2005 e janeiro de 2009, 12 casos humanos da gripe suína foram detectados nos EUA, nenhum fatal. No passado, houve duas mortes relacionadas ao vírus no país, em 1988 e em 1976, segundo o CDC.
Vírus do tipo H1N1 causam surtos esporádicos de gripes entre porcos, mas o CDC afirmou que o ramo atual nunca foi visto antes. "É um vírus de gripe A, designado como H1N1, e contém DNA típico de vírus aviários, suínos e humanos, incluindo elementos dos vírus suínos europeus e asiáticos", informou o órgão.


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