São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Correa é reeleito presidente do Equador, aponta projeção

Esquerdista obteve 51% dos votos, segundo ONG; maioria na Assembleia é provável

Eleito pela primeira vez em 2006, economista teve mandato zerado por nova Constituição e poderá voltar a disputar cargo em 2013


DE CARACAS

O presidente equatoriano, Rafael Correa, 46, obteve ontem um novo mandato de quatro anos, com pouco mais da metade dos votos válidos, aponta projeção. A vitória tranquila, aliada a uma provável maioria na Assembleia, abrem caminho para que o líder esquerdista amplie suas reformas socioeconômicas, marcadas pela maior presença do Estado e por um Executivo forte.
Segundo projeção da ONG Participação Cidadã, tida como a mais confiável, Correa recebeu 51% dos votos, o suficiente para evitar um segundo turno. Em segundo lugar, está o ex-presidente Lucio Gutiérrez, com 29,8%, seguido do empresário Álvaro Noboa, que obteve apenas 10,7% em sua quarta disputa eleitoral. A projeção foi feita a partir da contabilização de 58% das urnas .
Pela lei, um candidato a presidente vence no primeiro turno se obtiver ao menos 40% de apoio, com uma distância superior a dez pontos percentuais sobre o rival mais próximo.
Correa ainda pode conseguir a sonhada maioria na Assembleia unicameral, indica a boca de urna do instituto Santiago Pérez. Seu partido, Aliança País, teria obtido 61 das 124 vagas, ficando a apenas mais dois assentos para conseguir a hegemonia, o que pode ser obtido com apoio de partidos menores não alinhados com a oposição.
Como previsto, a segunda bancada deve ficar com o partido Sociedade Patriótica (PSP), de Gutiérrez, com 23 assentos.
As eleições de ontem foram convocadas após a entrada em vigor da nova Constituição, aprovada em referendo em setembro, e incluíam todos os cargos eletivos do país.
O resultado extraoficial foi recebido com pulos e dança por Correa, que chamou sua reeleição de "vitória avassaladora". Ele esperou o resultado em Guayaquil, sua terra natal e maior cidade do país - paradoxalmente, principal reduto da oposição.
Como também era esperado, ali o prefeito anti-Correa Jaime Nebot foi facilmente reeleito com 69% dos votos, segundo boca de urna, e ainda conseguiu impor seu candidato contra a irmã de Correa na Província de Guayas, que inclui Guayaquil.
Com um mandato assegurado até 2013, Correa tem direito de disputar mais uma reeleição -mecanismo introduzido pela nova Carta, impulsionada por ele. Assim, tem hoje a possibilidade de governar até 2017, chegando a dez anos no poder.
Correa foi eleito em 2006, quando derrotou Noboa no segundo turno. Economista de formação e novato na política, conquistou o eleitorado equatoriano com um discurso duro contra a "partidocracia".
Seus dois primeiros anos foram marcados pela convocação da Constituinte e por medidas controvertidas na área econômica, como a renegociação dos contratos com as empresas petroleiras, entre as quais a Petrobras, e a suspensão de cerca de US$ 3,2 bilhões da dívida externa por considerá-la ilegal. Sua alta popularidade contrasta com a instabilidade política de seus três antecessores eleitos -nenhum deles, inclusive Gutiérrez, terminou o mandato.
No cenário internacional, um dos seus momentos mais conhecidos foi a crise diplomática com o Brasil, no ano passado. Correa expulsou a construtora Odebrecht e ameaçou não pagar uma dívida com o BNDES, alegando irregularidades na construção da usina hidrelétrica San Francisco, paralisada um ano após inaugurada.
Em reação, o presidente Lula retirou o embaixador de Quito, sua primeira ação desse tipo em seis anos de governo. As relações só foram normalizadas depois que Correa assegurou que pagaria a dívida.
(FABIANO MAISONNAVE)


Com agências internacionais


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