São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2010

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Por Israel, EUA aliviam pressão sobre Teerã na revisão do TNP

CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

Os EUA abriram mão de mencionar o Irã ou de acusá-lo diretamente na declaração final da conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), prevista para terminar amanhã. Em troca, querem que sejam excluídas do texto menções a Israel, potência fora do tratado que não admite ter um arsenal atômico.
Com isso, Paquistão e Índia também não seriam mencionados. Só a Coreia do Norte, que deixou o TNP para testar uma bomba, seria alvo de críticas diretas. Nos rascunhos da declaração, havia cinco referências a Israel, Índia e Paquistão, pedindo que assinem o Tratado de Proibição de Testes Nucleares e iniciem o processo de adesão ao TNP como países desarmados.
Cláusula sugerida pelo grupo dos Não Alinhados tenta coibir a venda aos três países de material relacionado a atividades atômicas, pacíficas ou não -a medida seria "incentivo" à adesão, mas as potências reconhecidas (EUA, Rússia, França, Reino Unido e China) resistem.
A pressão sobre as potências extratratado ajuda a reduzir o impacto do programa nuclear iraniano na conferência, em contraste com o debate internacional. Visando o Irã, EUA e países europeus propuseram um parágrafo afirmando que os países que exercerem o direito de se retirar do TNP continuarão sendo responsabilizados por eventuais violações enquanto signatários.
A proposta provocou oposição da delegação iraniana. Mas, avaliam negociadores, ela pode ser amenizada. Os pontos que provocam impasse são outros três:
1) O plano de ação para o desarme nuclear;
2) Os passos para a implementação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio, discutidos à parte por EUA e Egito, líder dos Não Alinhados;
3) A proposta de EUA e europeus, à qual o Brasil se opõe, de que o Protocolo Adicional seja o instrumento "padrão" das inspeções da AIEA. O termo deve ser derrubado. Ontem, em meio às negociações na sede da ONU, em Nova York, estava em aberto se haverá declaração final.
Diante da "visão" de Barack Obama de um mundo sem a bomba, causou surpresa a insistência das potências reconhecidas em diluir compromissos com o desarme. Jayantha Dhanapala, presidente de movimento pelo uso pacífico do átomo, atribui o movimento à ascensão dos conservadores no Reino Unido e a disputas militares entre as potências.

"Conferência ruma para retrocesso em desarme", diz especialista

folha.com.br/1014614



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