São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 2011

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Sérvia detém fugitivo da Guerra da Bósnia

Ratko Mladic, ex-líder militar sérvio-bósnio procurado há 16 anos, responde por 15 crimes em tribunal da ONU

Ele foi preso em vilarejo a 100 km de Belgrado e deverá ser extraditado; prisão remove entrave à adesão da Sérvia à UE

Reuters
Nacionalistas sérvios partidários de Mladic protestam contra sua prisão, em Belgrado

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ex-líder militar sérvio-bósnio Ratko Mladic, acusado pela ONU de massacres e de genocídio durante a Guerra da Bósnia (1992-1995), foi preso ontem pela Sérvia após quase 16 anos foragido.
Mladic, 69, responde a 15 acusações no Tribunal Penal Internacional para Ex-Iugoslávia (ligado à ONU) por crimes de guerra e contra a humanidade quando liderou o Exército sérvio-bósnio que se opunha à independência da hoje Bósnia-Herzegóvina.
Entre os crimes imputados a Mladic estão o massacre de Srebrenica, em 1995, no qual foram mortos mais de 8.000 homens e meninos muçulmanos, e a morte de civis no cerco de mais de três anos a Sarajevo, capital da Bósnia.
O episódio de Srebrenica, quando foi violada zona protegida pela ONU, é tido como o pior massacre de civis e a mais clara motivação genocida (extermínio étnico) na Europa pós-Segunda Guerra.
"Encerramos difícil período de nossa história e removemos uma mancha sobre a Sérvia e os membros de nossa nação onde quer que eles vivam", disse o presidente da Sérvia, Boris Tadic, no triunfal anúncio da detenção.
Preso em um vilarejo de 2.000 pessoas a cerca de 100 km de Belgrado (Sérvia) ainda de madrugada, Mladic deve ser em breve extraditado para Haia (Holanda), a sede do TPI para a Ex-Iugoslávia.
"A extradição será realizada", garantiu o presidente da Sérvia. Se condenado, Mladic está sujeito a sentença de prisão perpétua -não há pena de morte no tribunal.
Ontem mesmo, o ex-líder militar compareceu a corte de Belgrado, primeiro passo para sua extradição. Mas a sessão foi interrompida pelo seu frágil estado de saúde.
Sua detenção ocorre cinco anos após a morte de Slobodan Milosevic, presidente da Iugoslávia nas guerras dos anos 90, e três após a prisão de Radovan Karadzic, "o Carniceiro de Belgrado" e chefe político dos sérvio-bósnios.
Milosevic, que governou até 2000, foi preso e extraditado um ano mais tarde para Haia, mas morreu ainda durante seu julgamento. Karadzic está sendo julgado no tribunal especial da ONU.
Com a prisão de Mladic, resta um foragido de guerra da ex-Iugoslávia procurado pelo tribunal da ONU. Goran Hadzic é acusado por crimes durante conflito na Croácia.

UNIÃO EUROPEIA
A detenção do último foragido internacional de alto escalão da Guerra da Bósnia é um grande feito político para a Sérvia, que vê ser removido o principal entrave à sua integração à União Europeia.
O bloco europeu relutava em levar a cabo o processo por acreditar que as lideranças sérvias encobriam foragidos e pressionava Belgrado a entregá-los à corte da ONU.
O anúncio da prisão de Mladic foi feito pelo presidente sérvio a poucas horas da uma visita oficial da chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.


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