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EUA tiram Coréia do Norte do "eixo do mal"
Presidente americano recompensa país comunista por sua primeira declaração com os detalhes do programa nuclear
Ditadura norte-coreana fez teste nuclear em 2006; os
EUA, com outros países, se comprometeram a premiar
imediata desnuclearização
Pang Xinglei - 18.jun.08/Xinhua
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O ditador Kim Jong-il (centro, à dir.) ao lado do vice-presidente chinês, Xi Jinping, em Pyongyang
DA REDAÇÃO
Em troca da declaração de 60
páginas sobre o possível desmantelamento de seu programa nuclear, a Coréia do Norte
será recompensada pelos Estados Unidos com a supressão de
algumas sanções comerciais e,
dentro de um mês e meio, já
analisado o documento, com o
fim da designação de "país que
patrocina o terrorismo".
"Esse pode ser o bom momento para a Coréia do Norte",
disse o presidente americano,
George W. Bush. Se ela "prosseguir com seu bom comportamento, superará os entraves de
seu relacionamento com a comunidade internacional".
Mas o próprio Bush deixou
claro que não há plena reconciliação. "Os Estados Unidos não
têm ilusões quanto ao regime
de Pyongyang. Continuamos
profundamente preocupados
com o desrespeito aos direitos
humanos, enriquecimento de
urânio, mísseis balísticos e as
ameaças do país à Coréia do Sul
e a seus vizinhos regionais."
Entre eles, o Japão discretamente lamentou que Bush tenha recompensado a ditadura
norte-coreana sem que ela finalmente explicasse o paradeiro dos japoneses seqüestrados
nos anos 70 e 80.
O regime comunista de
Pyongyang, enquadrado há seis
anos por Bush no "eixo do mal"
(ao lado do Irã e do Iraque), explodiu uma bomba atômica em
outubro de 2006. Sua desnuclearização, em troca de alimentos, combustível e fertilizantes, passou a ser negociada
no início de 2007 pelos Estados
Unidos, Coréia do Sul, China,
Japão e Rússia.
A declaração norte-coreana,
entregue ontem em Pequim
pelo embaixador Choe Jin Su
ao diplomata chinês Wu Dawei,
representante de seu país no
grupo de negociadores, não é
ainda a definitiva.
Dentro de uma política chamada de "passo a passo", o ditador norte-coreano, Kim Jong-il, provavelmente revelará mais
tarde qual o seu estoque de plutônio, se ainda tem bombas
atômicas estocadas ou se comercializou componentes de
reatores com terceiros, como a
Líbia ou a Síria.
De 5 a 12 bombas
O Instituto pelas Ciências e
Segurança Internacional, baseado em Washington, calcula
que os norte-coreanos têm um
estoque de 46 a 64 quilos de
plutônio, o suficiente para produzir de 5 a 12 bombas.
O que os comunistas parecem ter desvendado são detalhes do reator de Yongbyon, a
130 km de Pyongyang, onde esse combustível foi obtido. O
reator, desmontado com supervisão de inspetores americanos, terá a chaminé implodida
hoje, em presença de jornalistas dos países que negociaram a
desmobilização.
Ainda quanto ao "passo a
passo", Washington deixa de
aplicar aos norte-coreanos
uma legislação que veta o comércio com países inimigos. A
partir de agora, entre os 192 Estados filiados à ONU, a legislação será aplicada pelos americanos somente a Cuba.
Especialistas ouvidos pela
Reuters acreditam que, na prática, os efeitos da decisão americana serão pequenos. A Coréia do Norte não integra o
Banco Mundial ou a OMC (Organização Mundial do Comércio). Seus produtos estarão sujeitos a altas tarifas no mercado
americano e são pouco competitivos, mesmo os minerais.
Além disso, há a fragilidade
da situação política. Stephen
Hadley, assessor de Segurança
Nacional de Bush, disse que as
sanções voltarão caso Pyongyang não entregue as novas informações combinadas.
Mesmo assim, Pyongyang terá benefícios com a distensão.
O "Guardian" afirma que o regime comunista reuniu condições para superar décadas de
miséria econômica. Há a promessa americana de 500 mil
toneladas de alimentos.
O mesmo jornal britânico
afirma sarcasticamente que
Bush deu uma lição aos déspotas de todo o mundo: "Se quiserem sobreviver, construam um
arsenal nuclear".
Com agências internacionais
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