São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Brasil vence disputa por direção da FAO

Em votação tensa e sob questionamento europeu, José Graziano é eleito para órgão da ONU por margem de quatro votos

Apoio de grupo dos países não-alinhados foi determinante para o resultado; mandato tem início no ano que vem

Pier Paolo Cito/Associated Press
O ex-ministro José graziano é saudado logo após o anúncio de sua vitória na eleição para a diretoria-geral da FAO, realizada ontem, em roma

GINA MARQUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ROMA

Com quatro votos de diferença, o brasileiro José Graziano, 61, foi eleito ontem em Roma diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), vencendo o espanhol Miguel Ángel Moratinos.
A vitória foi no segundo turno, quando o ex-ministro do governo Lula obteve a preferência de 92 nações, incluindo os países do G77, conhecido como grupo dos "não-alinhados", que reúne hoje 131 países, muitos dos quais procedentes da África. Moratinos obteve 88 votos.
A disputa, que se dá em rodadas eliminatórias, foi tensa. Na primeira votação, Graziano já havia superado Moratinos por 77 votos a 72. Divulgado esse resultado, os outros aspirantes ao cargo ""o indonésio Indroyono Soesilo, o austríaco Franz Fischler, o iraquiano Abdul Latif Jamal Rashid e o iraniano Mohammad Saeid Noori Naeini"" retiraram suas candidaturas.
Com a disputa concentrada em dois rivais, o embaixador brasileiro junto à FAO, Antonino Marques Porto, pediu reunião entre os países, antes do segundo turno.

PROTESTO
O representante da União Europeia (UE) protestou, dizendo que a interrupção feria as regras da votação. Para decidir a respeito, um jurista foi consultado e avalizou a reunião, que durou 40 minutos.
Além dos votos de seus 27 países-membros, a UE tem direito a mais um, como bloco. Como havia dois candidatos europeus no primeiro turno, o bloco se absteve de votar nessa etapa. Após a vitória, Graziano contou bastidores da competição. "Houve um apoio forte dos países da Ásia e das nações árabes, de modo que se refez o bloco G77, que estava dividido entre quatro candidatos", disse.
"Por outro lado, refez-se também o bloco da Europa, antes dividido em dois candidatos. Embora apertada, a vitória foi importante, porque fizemos uma boa campanha. O caminho foi duro", disse.
Segundo Graziano, a vitória demonstrou a capacidade de um país emergente, que tem muito a dizer em termos de agricultura, desenvolvimento rural , combate à fome e políticas sociais.
"Além disso, a força de algumas ideias-chave que não eram amplamente aceitas e hoje fazem parte desse receituário da FAO para a erradicação da fome", disse.
O mandato de Graziano irá de 1° de janeiro de 2012 a 31 de julho de 2015. Ele terá como desafio nesse período agilizar a estrutura da organização, que passou os últimos 18 anos sob a chefia do senegalês Jacques Diouff.
"A FAO tem passado por uma reforma, acho que vai em bom caminho. Trata-se agora de acelerar esse processo e intensificar ações onde é mais necessário, nos países mais pobres", disse.


Texto Anterior: Folha.com
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.