São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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GUERRA CIVIL

Para embaixadora americana em Bogotá, número de soldados do país é muito baixo; governo diz que faltam recursos

EUA pedem efetivo militar maior à Colômbia

France Presse - 25.jul.2002
Índia colombiana participa de marcha de mulheres contra a guerra civil colombiana, em Bogotá


DA REDAÇÃO

A embaixadora dos EUA na Colômbia, Anne Patterson, sugeriu que o país aumente o efetivo de suas forças militares, mas o governo colombiano afirma que não tem recursos para aumentar seus gastos com defesa. "O número de soldados no serviço ativo do país é muito baixo, quando comparado com outras nações que enfrentam a violência", afirmou a embaixadora num fórum econômico na noite de anteontem.
As Forças Armadas colombianas têm um efetivo de 120 mil homens, num país de cerca de 40 milhões de habitantes. O governo estima que existam 30 mil guerrilheiros e paramilitares lutando contra suas forças e entre si.
O ministro da Justiça, Romulo González -que substitui o presidente Andrés Pastrana, que participa de reunião de cúpula no Equador-, admitiu ontem que o país teria benefícios com um aumento do efetivo militar, mas fez algumas ressalvas. "Somos um país pobre e necessitamos adequar nossos objetivos de acordo com nossa capacidade econômica", disse ele. "Senão, caminharíamos para o desastre."
A embaixadora americana sugeriu chamar os reservistas militares para se integrarem às Forças Armadas. Mas González disse que isso implicaria "um custo significativo para o país".
O Congresso dos EUA aprovou, nesta semana, autorização para que a ajuda americana para o combate ao narcotráfico possa ser usada no combate aos grupos guerrilheiros e paramilitares.
Patterson afirmou que os EUA já destinaram US$ 1,7 bilhão de ajuda nos últimos dois anos à Colômbia e admitiu que essa ajuda pode crescer, mas pediu um esforço maior dos colombianos. "Já pedimos ao Congresso mais dinheiro para a Colômbia, mas os cidadãos do país precisam fazer um esforço maior", disse.
A Colômbia gasta atualmente 3,5% de seu PIB (Produto Interno Bruto) com a Defesa -gasto proporcionalmente menor ao de Brasil, Venezuela, Peru e Chile, países da região que não enfrentam problemas militares tão graves.
O presidente eleito, Alvaro Uribe, que toma posse no dia 7 de agosto, já prometeu aumentar os gastos militares e dobrar os efetivos das Forças Armadas e da Polícia Nacional. Para financiar os aumentos, prevê a criação de um novo imposto e a emissão de um bônus de guerra. O futuro ministro das Finanças, Roberto Junguito, estima que o novo governo investirá US$ 1,6 bilhão a mais em Defesa entre 2003 e 2006.

Negociação
O presidente Andrés Pastrana afirmou anteontem à noite estar disposto a negociar um acordo para a libertação das pessoas sequestradas pelos grupos armados ilegais. "As portas estão abertas para chegarmos a um acordo cujo fim seja a libertação dos sequestrados e o fim dos sequestros em nosso território", disse.
As declarações de Pastrana foram feitas apenas dois dias depois da divulgação, pela TV colombiana, de um vídeo no qual a ex-senadora e ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, sequestrada desde fevereiro pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, guerrilha marxista), culpa o governo pela sua situação. Além de Ingrid Betancourt, as Farc mantêm cerca de 20 outros políticos como reféns, entre eles o governador do Departamento (Estado) de Antioquia, Guillermo Gaviria. O grupo exige a libertação de guerrilheiros presos para soltá-los.
Por diversas vezes Pastrana já havia afirmado taxativamente que não aceitaria fazer esse tipo de troca com as Farc, a última delas no dia 6 de julho. "Reitero que neste governo não haverá troca", disse ele na ocasião.

Com agências internacionais

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