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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
ONU alertou Israel 10 vezes sobre ataque
Por seis horas, funcionários pediram às forças israelenses que parassem bombardeios próximos a posto do organismo
Área foi alvo de 21 ataques de precisão; premiê Olmert afirma que incidente que matou 4 observadores foi "erro" e será investigado
DA REDAÇÃO
As forças de paz da ONU no
Líbano alertaram Israel dez vezes, em um período de seis horas, para que interrompesse
seus bombardeios perto do
posto das Nações Unidas em
Khiyam, no sul do país, momentos antes de um ataque israelense matar quatro observadores do organismo no local.
"O bombardeio do posto da
ONU, estabelecido há muito
tempo e claramente identificado, começou cedo, pela manhã,
e prosseguiu até depois das sete
da noite", disse Annan em entrevista coletiva em Roma.
Israel está bombardeando o
Líbano, especialmente o sul do
país, desde o último dia 12 em
retaliação ao seqüestro de dois
de seus soldados pelo grupo extremista xiita Hizbollah. Mais
de 400 pessoas já morreram no
conflito, sendo cerca de 90%
delas, do lado libanês.
"Nosso pessoal no terreno
estava em contato com o Exército de Israel para tentar adverti-lo e dizer-lhe: "Cuidado com
nosso posto, não podem ferir
nossos funcionários'", acrescentou. "Foram lançados vários apelos antes de que ocorresse [ataque], e pode-se imaginar a angústia de nossos soldados e dos observadores não armados que se encontravam a
serviço da paz."
Os quatro observadores mortos são da China, do Canadá, da
Finlândia e da Áustria.
Segundo um relatório preliminar do organismo, a cada novo telefonema, uma autoridade
israelense prometia que os ataques seriam interrompidos.
De acordo com Jane Holl Lute, vice-chefe das operações de
paz da ONU, houve 21 ataques a
uma distância de 300 metros
do posto durante seis horas, antes que ele fosse completamente destruído. Doze deles ocorreram a menos de 100 metros
do posto, e quatro acertaram o
prédio diretamente. O bombardeio continuou durante as operações de resgate.
Ontem, o premiê de Israel,
Ehud Olmert, expressou "profundo pesar" pelo incidente. "O
premiê disse ter instruído o
Exército a levar adiante uma
investigação completa e afirmou que os resultados serão
compartilhados com o secretário-geral da ONU", disse ele em
nota. "É inconcebível que a
ONU defina um erro como uma
ação aparentemente deliberada", afirmou, aludindo à declaração de Annan na véspera.
Questionado ontem, Annan
disse que, apesar de aceitar as
desculpas de Olmert, a ONU
deveria fazer uma investigação
independente sobre o caso.
A Força Interina das Nações
Unidas no Líbano (Unifil) se estabeleceu no sul do país em
1978 com o objetivo de assegurar a retirada das forças israelenses, ajudar o Exército libanês a exercer sua autoridade e
garantir a paz na região.
Mas se mostrou incapaz de
conter o Hizbollah, e seus capacetes azuis vinham atuando
principalmente na desativação
de minas e em assistência humanitária à população.
O ataque provocou reações
da comunidade internacional.
A União Européia qualificou o
incidente de "inaceitável" e pediu uma investigação. Já a Casa
Branca disse que a morte dos
observadores foi uma "coisa
horrível", mas que Israel faz
bem em investigar o incidente.
A China distribuiu um projeto de resolução no Conselho de
Segurança da ONU condenando o ataque de Israel, mas o texto foi rejeitado pelos EUA.
Uma nova proposta de declaração presidencial pede "uma
completa investigação desse
alarmante incidente e exige o
fim de todo ataque a posições e
funcionários da ONU".
Ontem, um comboio da ONU
com 90 toneladas de comida e
suprimentos médicos básicos
chegou à cidade de Tiro.
Com agências internacionais
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