Humorista planeja derrotar Chávez juntando piada com plano de governo

Estreante na política, Benjamin Rausseo, do partido Piedra, se transforma na novidade da eleição de dezembro

FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL

Na polarizada Venezuela de Hugo Chávez, a terceira via é uma piada -e se chama Benjamin Rausseo, o "conde de Guácharo". Um dos humoristas mais famosos do país, ele se tornou na semana passada o candidato oficial do Piedra (Partido Independente Eleitoral de Resposta Avançada), com o objetivo de impedir a reeleição do atual presidente, o favorito do pleito de dezembro.
"Para conseguir tirar o Chávez, fazia falta um negrinho de cabelo ruim como eu" é um dos motes de campanha mais repetidos por Rausseo, 45, usando as imagens de gosto duvidoso que o transformaram num dos humoristas mais reconhecidos do país, ao longo de duas décadas de carreira.
Em suas declarações públicas como candidato, Rausseo usa seu dotes de humorista para formular frases que começam sérias e terminam em piada ou vice-versa. Por exemplo, disse que criou o "Comando Peito", a ala feminina de sua campanha, por dois motivos: conquistar o voto do maior número de mulheres possível e "distribuir 4 milhões de implantes de silicones".
Já a primeira viagem de campanha, promete, será à Escócia, para negociar a criação de um "uísqueduto".
Essas e outras piadas são basicamente o conteúdo do site de campanha, votapiedra.com, a maioria incompreensíveis para não-venezuelanos.
Rausseo, no entanto, diz que sua candidatura é séria e tem até acordo político com Manuel Rosales, o candidato apoiado pelas principais forças da oposição. Os dois se comprometeram publicamente a deixar a candidatura em novembro para apoiar o mais bem colocado nas pesquisas.
Além do bom humor, Rausseo também tem explorado a sua trajetória pessoal. Mestiço e de origem pobre como Chávez, com quem se assemelha fisicamente, o humorista também é um empresário bem-sucedido, dono de hotéis, parques temáticos e de um restaurante.


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