São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Próximo Texto | Índice

Militares dos EUA divergem sobre Iraque

Comandantes em campo pressionam pela manutenção das tropas, enquanto Pentágono favorece retirada significativa

Em resposta a críticas, premiê iraquiano diz que políticos americanos devem parar de tratar país árabe "como uma de suas aldeias"

16.jul.07/Departamento da Defesa dos EUA-Associated Press
David Petraeus (dir.), chefe das forças no Iraque, e Peter Pace, chefe do Estado Maior, divergem sobre nível de tropas no país árabe


DA REDAÇÃO

Além da luta contra a insurgência e a rede terrorista Al Qaeda, os generais dos Estados Unidos enfrentam agora uma nova batalha no Iraque: a disputa entre os próprios militares sobre a estratégia americana no conflito.
Os jornais mais influentes dos EUA afirmam que o general Peter Pace, chefe do Estado Maior americano, está inclinado a recomendar a retirada de cerca de metade dos mais de 160 mil soldados que estão atualmente no Iraque. Apesar de não oficializada, a recomendação já foi rejeitada pelos mais altos oficiais americanos no Iraque, que preferem manter por mais tempo um número reforçado de soldados em campo.
No último sábado, o major general Rick Lynch, um dos comandantes sêniores no Iraque, desafiou Pace em público ao afirmar que uma redução nas forças atualmente destacadas no conflito representaria "um grande retrocesso". A crítica de Lynch se alia ao posicionamento do general David Petraeus, comandante máximo das forças americanas no Iraque, que já se mostrou avesso a uma retirada significativa dos soldados.
O senador republicano John Warner, figura-chave na definição das políticas militares do Congresso, afirmou ontem que o Departamento da Defesa (Pentágono) e os comandantes em campo tentarão "resolver suas diferenças" nesta semana.
"O time no Iraque quer que as tropas permaneçam em sua capacidade máxima por tanto tempo quanto possível, e o time em casa tem uma visão mais ampla da situação", afirmou Warner, que defende o retorno imediato de parte dos soldados.
O Pentágono vai apresentar em setembro uma avaliação dos resultados do aumento de tropas no Iraque ordenado em janeiro pela Casa Branca. O relatório será crucial para determinar se os congressistas vão insistir em um cronograma para o início da retirada.
Em Bagdá, o premiê iraquiano, Nuri al Maliki, afirmou ontem que os políticos americanos devem parar de tratar o país como "uma de suas aldeias". Vários políticos, incluindo a senadora democrata Hillary Clinton, defenderam a saída do premiê do governo.
"Há americanos que consideram o Iraque como uma de suas aldeias, como Hillary Clinton e [o senador democrata] Carl Levin", disse o premiê ontem. Maliki afirmou ainda que exigirá desculpas do chanceler francês, Bernard Kouchner, que também defendeu sua substituição.
Apesar das críticas, Al Maliki anunciou ontem que ele, que é xiita, e líderes sunitas e curdos chegaram a um consenso sobre leis consideradas pelos EUA vitais para a normalização política do país, entre as quais a lei sobre a divisão da renda do petróleo e a que permitirá a volta de antigos membros do partido Baath, de Saddam Hussein, a cargos civis e militares.


Com "The Independent" e Associated Press

Próximo Texto: Irã afirma ter criado "bomba inteligente"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.