São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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Farc descartam soltar reféns na Venezuela

Porta-voz da guerrilha não abre mão de obter área desmilitarizada na Colômbia para fechar acordo

DA REDAÇÃO

Raúl Reyes, número 2 e porta-voz das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), afirmou ontem que a guerrilha não aceita entregar os reféns que mantém em seu poder em solo venezuelano, embora tenha agradecido a mediação de Hugo Chávez na negociação do impasse com o governo colombiano de Álvaro Uribe.
Em entrevista ao jornal argentino "Clarín", Reyes insistiu que a libertação do grupo de 50 seqüestrados -entre eles a ex-senadora franco-colombiana Ingrid Betancourt- deve acontecer na Colômbia, e manteve a exigência de que Uribe desmilitarize uma área de 800 km2 por ao menos 45 dias para que o acordo seja feito.
O presidente colombiano já repetiu dezenas de vezes que não aceita essa condição da guerrilha para trocar os reféns por cerca de 400 guerrilheiros presos pelo governo.
" [Chávez] está fazendo sua contribuição, que nós pensamos que é um início, um novo impulso no tema do intercâmbio humanitário. Mas seguimos sustentando que, por ser um problema derivado do conflito interno, a troca [de reféns por prisioneiros] deve ser solucionada na Colômbia", disse Reys ao jornal argentino.
Ao "Clarín", Reyes disse, porém, que não descarta que a Venezuela seja palco para que guerrilheiros e governo conversem à mesma mesa.
A entrevista baixa as expectativas em torno do papel de Chávez na negociação Farc-Uribe. Na semana passada, com a chancela de Bogotá, o presidente venezuelano recebeu parentes dos seqüestrados e ofereceu o território venezuelano como zona neutra para uma conversa entre a guerrilha e o governo colombiano.
O esforço de usar a influência de Chávez junto às Farc continua na sexta, quando o venezuelano encontrará o até então desafeto Álvaro Uribe.
O governo Uribe está sob pressão internacional e interna para que chegue a um acordo humanitário com a guerrilha. Na entrevista, Reyes também agradece os bons ofícios da França, Espanha e Suíça para tentar mediar a questão.
À Folha, porém, o chanceler colombiano, Fernando Araújo, ex-refém da guerrilha, disse na semana passada que crê na solução militar: "Creio que é mais fácil derrotá-las [as Farc] que chegar a um acordo de paz".
Na entrevista, Reyes se disse cético quanto às intenções de Bogotá em chegar a um acordo: "A política de Uribe é a do resgate pela força, sem importar-se com o que pode acontecer com os prisioneiros, já que o que ele quer é mostrar os resultados do Plano Patriota e do Plano Colômbia, financiados pelos EUA".

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