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Farc descartam soltar reféns na Venezuela
Porta-voz da guerrilha não abre mão de obter área desmilitarizada na Colômbia para fechar acordo
DA REDAÇÃO
Raúl Reyes, número 2 e porta-voz das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), afirmou ontem que a guerrilha não aceita entregar os reféns que mantém em seu poder
em solo venezuelano, embora
tenha agradecido a mediação
de Hugo Chávez na negociação
do impasse com o governo colombiano de Álvaro Uribe.
Em entrevista ao jornal argentino "Clarín", Reyes insistiu
que a libertação do grupo de 50
seqüestrados -entre eles a ex-senadora franco-colombiana
Ingrid Betancourt- deve acontecer na Colômbia, e manteve a
exigência de que Uribe desmilitarize uma área de 800 km2 por
ao menos 45 dias para que o
acordo seja feito.
O presidente colombiano já
repetiu dezenas de vezes que
não aceita essa condição da
guerrilha para trocar os reféns
por cerca de 400 guerrilheiros
presos pelo governo.
" [Chávez] está fazendo sua
contribuição, que nós pensamos que é um início, um novo
impulso no tema do intercâmbio humanitário. Mas seguimos sustentando que, por ser
um problema derivado do conflito interno, a troca [de reféns
por prisioneiros] deve ser solucionada na Colômbia", disse
Reys ao jornal argentino.
Ao "Clarín", Reyes disse, porém, que não descarta que a
Venezuela seja palco para que
guerrilheiros e governo conversem à mesma mesa.
A entrevista baixa as expectativas em torno do papel de
Chávez na negociação Farc-Uribe. Na semana passada,
com a chancela de Bogotá, o
presidente venezuelano recebeu parentes dos seqüestrados
e ofereceu o território venezuelano como zona neutra para
uma conversa entre a guerrilha
e o governo colombiano.
O esforço de usar a influência de Chávez junto às Farc
continua na sexta, quando o venezuelano encontrará o até então desafeto Álvaro Uribe.
O governo Uribe está sob
pressão internacional e interna
para que chegue a um acordo
humanitário com a guerrilha.
Na entrevista, Reyes também
agradece os bons ofícios da
França, Espanha e Suíça para
tentar mediar a questão.
À Folha, porém, o chanceler
colombiano, Fernando Araújo,
ex-refém da guerrilha, disse na
semana passada que crê na solução militar: "Creio que é mais
fácil derrotá-las [as Farc] que
chegar a um acordo de paz".
Na entrevista, Reyes se disse
cético quanto às intenções de
Bogotá em chegar a um acordo:
"A política de Uribe é a do resgate pela força, sem importar-se com o que pode acontecer
com os prisioneiros, já que o
que ele quer é mostrar os resultados do Plano Patriota e do
Plano Colômbia, financiados
pelos EUA".
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