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Popularidade de premiê é afetada por suas gafes
Imprensa local apelida Taro Aso de "Bush japonês" por suas declarações
"Um país ideal é aquele onde judeus ricos queiram viver" é uma das frases do político, que se equivocou
na leitura de ideogramas
DO ENVIADO A TÓQUIO
"Jovens com pouco dinheiro
não deveriam se casar", discursou o primeiro-ministro japonês, Taro Aso, no último domingo, em plena campanha para reeleição.
"Parece-me difícil que alguém sem salário possa ser visto como objeto de respeito pelo
parceiro", emendou ele.
Aso fazia campanha em Tóquio para estudantes universitários, quando foi questionado
se a baixa taxa de natalidade do
país e a queda no número de casamentos tinham relação com
os poucos recursos da população mais jovem.
A resposta já foi parar na longa lista de gafes do primeiro-ministro, apelidado de "Bush
japonês" pela imprensa local.
No único país desenvolvido
em que acontecem mais mortes que nascimentos e que sofre
com o envelhecimento acelerado, as declarações apenas ajudaram a reforçar a impopularidade de Aso.
A taxa de popularidade do
premiê era de 80% quando ele
chegou ao poder, em setembro
de 2008, mas desabou para 15%
em julho passado -quando,
mesmo entre seus correligionários do Partido Liberal Democrático, havia quem defendesse sua renúncia, para tentar
reduzir o desgaste da imagem
da sigla com vistas à eleição.
"Um país ideal é aquele onde
judeus ricos queiram viver",
disse ele em uma entrevista.
Em uma reunião de associações de pais e mestres, Aso discursou: "Concordo com um diretor que disse que quem precisa ser educado são as mães, não
as crianças".
"O Japão está fazendo [no
Oriente Médio] o que os americanos não conseguem. Talvez
não seja bom ser loiro de olhos
azuis. Felizmente, nós, japoneses, somos amarelos", é outro
dos controversos "asoísmos".
Ao comentar o violento período em que Taiwan foi colônia japonesa, ele disse que a
ilha deveria agradecer a ocupação, pois "levantamos o nível da
educação por lá, e agora eles são
desenvolvidos".
Tropeçando no kanji
Outra característica que o
aproxima do ex-presidente
americano são os tropeços em
seu próprio idioma. Aso já errou diversas vezes a pronúncia
do kanji, os ideogramas de origem chinesa usados no Japão.
Um mesmo ideograma pode
ser lido em até nove maneiras
diferentes, ao contrário do chinês, que tem o fonema fixo.
Lendo, Aso já misturou várias palavras. Encontros "frequentes" com as autoridades
chinesas viraram "encontros
enfadonhos".
Ao dizer que apoiava o pedido de desculpas pela guerra,
"apoiar" soou como "feder".
A pronúncia correta do kanji
é um dos maiores sacrifícios da
vida escolar dos japoneses.
Treina-se os caracteres com a
ajuda de silabários fonéticos.
Graças à popularidade dos
enganos do premiê, a indústria
editorial japonesa vive uma febre do kanji, com vários livros
ensinando a pronúncia correta
dos 1.945 kanji oficiais.
"Você acha que sabe ler, mas
não sabe", um manual de kanji,
vendeu 800 mil exemplares
nos últimos cinco meses. Nas
livrarias de Tóquio, é chamado
de "o livro do primeiro-ministro".
(RAUL JUSTE LORES)
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