São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2011

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Banco central americano insinua novos estímulos

Ben Bernanke, que preside a entidade, diz que usará 'série de ferramentas'

Objetivo é promover "recuperação forte" da economia; ontem, previsão do PIB foi revista para baixo


LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Ben Bernanke, o presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), reiterou que a instituição está pronta para agir e deu pistas de que isso pode ocorrer na próxima reunião de seu comitê de política monetária, em setembro. Decepcionou, porém, quem esperava medidas já.
A deixa foi dada ontem durante o aguardado discurso de Bernanke no encontro anual do Fed em Jackson Hole (Wyoming), cujo tema é crescimento de longo prazo:
"O Federal Reserve tem uma série de ferramentas que podem ser usadas para dar mais estímulos monetário", afirmou. Segundo ele, o encontro em setembro terá dois dias (20 e 21) para analisar possíveis medidas.
"A comissão vai continuar sua avaliação e está preparada para empregar todas as ferramentas para promover uma recuperação forte."
Diante da crescente preocupação com uma recaída na recessão, Bernanke se disse otimista quanto ao futuro, apesar da persistência do desemprego e dos problemas no mercado imobiliário.
Ele afirmou que "os fundamentos do crescimento nos EUA não parecem ter sido alterados de modo permanente pelos choques dos últimos quatro anos" e que, mesmo que leve tempo, os índices de emprego e crescimento devem se recuperar.
Desde que saíram da recessão de 2009, os EUA têm crescido de maneira mais lenta do que o esperado.
Ontem, o governo revisou de 1,3% para 1% sua estimativa de crescimento do PIB no segundo trimestre, em números anualizados, sobre o período anterior -quando a estimativa já havia sido rebaixada para 0,4%.

POLÍTICOS E CONFIANÇA
O discurso de Bernanke assumiu tom de alerta político quando ele enfatizou que nem todas as medidas de estímulo cabem ao Fed.
É o governo federal que deve enxugar o Orçamento de forma equilibrada, disse, com impostos e cortes -alusão à supercomissão do Congresso que elabora um pacote fiscal.
Bernanke enfatizou ainda a necessidade de políticas habitacionais e de emprego.
O desemprego acima de 9% e o risco de recessão têm afetado profundamente a confiança econômica dos americanos, o que inibe o consumo e trava a retomada.
Ontem, a Universidade de Michigan e a agência de serviços econômicos Thomson Reuters, que pesquisam mensalmente a confiança do consumidor, divulgaram que o índice ficou em 55,7 em agosto, despencando 12,7% em relação a julho e 19,2% em relação a agosto de 2010.
A queda acumulada em três meses, 25%, é a segunda maior da história da pesquisa, feita desde 1946 -antes da crise, em 2007, esse índice estava acima de 90 pontos.
"Os consumidores trocaram o otimismo com o potencial impacto de novas políticas monetárias e fiscais por uma sensação de desespero e pessimismo em relação ao papel do governo na economia", escreveu Richard Curtin, economista responsável pela pesquisa.


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