São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2011

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Presidente do México diz que combaterá 'terroristas'

Ele prometeu intensificar luta ao narcotráfico após atentado de anteontem

Incêndio criminoso em cassino deixou 52 mortos e dez feridos; governo decretou luto oficial de três dias


FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Homens armados invadiram um cassino na cidade de Monterrey (México), distribuíram um líquido inflamável e atearam fogo no local matando asfixiadas ou calcinadas 52 pessoas e ferindo ao menos outras dez, anteontem.
O atentado ocorreu antes das 16h (18h no Brasil) e está sendo considerado pelo governo mexicano como um dos piores massacres contra a população civil desde a escalada da violência ligada ao narcotráfico, em 2006.
"Não são delinquentes comuns. São terroristas", disse o presidente do México, Felipe Calderón, que decretou três dias de luto oficial.
O mandatário mexicano atacou os EUA, maior consumidor de entorpecentes, pedindo o fim do contrabando de armas americanas.
"Eles não são e nem podem ser donos de nossas ruas, de nossas cidades, de nosso futuro", disse.
Calderón, alvo de crescentes críticas por sua política de combate ao crime organizado, disse que o governo redobrará a aposta contra os cartéis da droga.
Desde 2006, 42 mil pessoas já morreram na "guerra ao narcotráfico" deflagrada por Calderón, que decidiu enviar os militares na luta contra o crime organizado.
A pressão policial e militar contribuiu para recrudescer a disputa entre cartéis pelas rotas de exportação das drogas e outros negócios -incluindo cassinos e casas de apostas, pontos de lavagem de dinheiro.
A polícia de Monterrey, polo empresarial e cidade mais rica do México, não quis apontar suspeitos, mas a imprensa local atribuía o ataque ao Cassino Royale ao cartel Los Zetas.
Além do narcotráfico, o cartel exige "vacina" -extorsão em troca de imunidade contra ataques. A resistência dos donos do Royale à cobrança poderia ser um dos motivos do massacre.

DESESPERO
O jornal mexicano "La Jornada" publicou depoimentos de sobreviventes da tragédia. Patricia Sáenz sobreviveu, mas seu marido não. "Começamos a correr. Íamos de mãos dadas, mas ele me soltou", disse ela à publicação.
Sáenz contou que, mais tarde, ainda conseguiu falar com Eduardo Martínez por telefone, que lhe teria dito: "Não posso mais, minha rainha. Não posso respirar".
A 250 km da fronteira com os EUA, Monterrey enfrenta escalada da violência com bloqueios de vias impostos por narcotraficantes. Los Zetas disputam o território com chamado cartel do Golfo.
No ano passado, um popular candidato a governador do Estado Nuevo León do esquerdista PRD foi assassinado pouco antes das eleições regionais. Ninguém foi preso pelo crime.
"A elite empresarial de Monterrey não se preocupava pelo fato de a maior parte dos 'capos' do narcotráfico e suas famílias viverem por lá antes que começassem a se matar... Eles já estavam. Não se instalaram lá do dia para a noite", disse o especialista da Universidade do México, Luis Artorga, em entrevista à imprensa mexicana.


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