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UE dá luz verde para Bulgária e Romênia
Comissão recomenda adesão dos dois países dos Bálcãs em 1º de janeiro de 2007
Novos membros sofrerão as mais rígidas condições da história do bloco; avanços serão monitorados e a falta de progresso, penalizada
DA REDAÇÃO
Bulgária e Romênia receberam ontem sinal verde para
aderir à União Européia no dia
1º de janeiro de 2007, mas terão
de se submeter às condições
mais rígidas de adesão já impostos a países candidatos desde o início da expansão do bloco. A decisão deve ser ratificada
em outubro pelos Estados-membros.
Em relatório divulgado ontem, a Comissão Européia -o
Executivo da UE- considerou
que os dois países dos Bálcãs
progrediram desde sua última
avaliação, em maio, e estão aptos a se juntar aos outros 25
membros do bloco.
Mas apontou que problemas
persistem em temas como "a
segurança alimentar, a segurança aérea, os fundos agrícolas, o poder judiciário e a luta
contra a corrupção", sobre os
quais os dois países - entre os
mais pobres da Europa- deverão prestar contas a cada seis
meses, a partir de 31 de março.
Caso os esforços sejam considerados insuficientes, a comissão se reserva o direito de "aplicar as cláusulas de salvaguarda
do tratado de adesão" por até
três anos após a entrada.
O repasse de milhões de euros em ajuda econômica, por
exemplo, estará condicionado
ao progresso contínuo nos pontos citados. Outra sanção prevista é o não reconhecimento
das decisões das Justiças búlgara e romena.
No setor judicial, considerado o mais problemático, a UE
vai fixar "objetivos" a serem
cumpridos no combate à corrupção e ao crime organizado.
A Romênia, por exemplo, terá de criar uma agência anticorrupção para investigar conflitos de interesses potenciais de
seus funcionários públicos.
Já a Bulgária vai ter de mudar
sua Constituição para garantir
a independência do Judiciário
e a transparência e eficiência
do processo judicial, além de
implementar uma estratégia
contra crimes de colarinho
branco e o crime organizado.
Em matéria de segurança alimentar, fica mantido o embargo à carne de porco e à utilização de produtos bovinos, pela
falta de controle sobre a doença
da vaca louca.
"Quarentena"
Para Ivan Kostov, o ex-premiê que lançou as negociações
para a adesão da Bulgária em
2000, o relatório deixa claro
que o país ficará "em quarentena" depois de 1º de janeiro. "Ele
expressa falta de confiança",
disse ao jornal britânico "Financial Times".
Mas a decisão foi aclamada
por Bucareste e Sófia.
"Esta é a última queda do
Muro de Berlim para a Bulgária", disse o premiê búlgaro,
Sergei Stanishev.
"Vamos entrar em um período de certeza", disse o premiê
romeno, Calin Popecu Tariceanu. "Os romenos serão cidadãos da UE como os britânicos,
os franceses e os alemães, com
os mesmos direitos e as mesmas obrigações."
O presidente da Comissão
Européia, José Manuel Durão
Barroso, disse que as novas
adesões são "uma conquista
histórica". "Estou convencido
de que a expansão avançará em
uma maneira que irá fortalecer
e não prejudicar o funcionamento da união."
Expansão
Durão Barroso voltou a defender ontem a suspensão de
novas adesões até que seja resolvido o impasse sobre a Constituição européia. Os próximos
na lista são Turquia e Croácia.
"Depois de completada a
quinta expansão, com a adesão
de Bulgária e Romênia, acredito que um acordo institucional
[sobre a Constituição] deve
preceder qualquer futura ampliação. Esse é o único modo de
garantir que nossa união expandida irá funcionar de maneira eficiente e harmônica."
Porém, o comissário europeu
para a expansão, Olli Rehn, disse que não haverá um "sabático". "Esperamos que os Estados-membros sejam capazes de
chegar a um acordo sobre a nova estrutura institucional em
2008 -portanto, antes que os
próximos membros estejam
prontos para aderir."
Em Washington, o porta-voz
do Departamento de Estado,
Sean McCormack, encorajou a
UE "a continuar abrindo o horizonte europeu para um número de países".
Em uma recepção menos calorosa, Londres disse que irá
restringir o acesso de trabalhadores búlgaros e romenos a seu
mercado por um "período de
transição", sem especificá-lo.
Com agências internacionais
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