São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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Capital humano distingue Argentina, afirma Cristina

Para candidata, composição social e imigração européia diferenciam país de vizinhos

Favorita à Presidência, senadora diz a empresários dos EUA que ela e Kirchner são comparáveis ao casal Bill e Hillary Clinton

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Favorita na disputa pela Presidência da Argentina, a senadora e primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner disse ontem que o "capital humano" de seu país o diferencia dos vizinhos. "O povo argentino tem características de composição social que, junto com a imigração européia, geraram uma capacitação do capital humano francamente distinta das demais nações latino-americanas", afirmou.
"É um povo que não tem os problemas de caráter étnico, religioso ou migratório dos outros países do continente", continuou, durante almoço com empresários americanos promovido pelo Conselho das Américas em Nova York.
Sua intenção era destacar a qualidade da mão-de-obra argentina como vantagem competitiva para atrair investimentos estrangeiros. Na platéia estava Thomas Shannon, subsecretário de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental.
A senadora comparou-se e ao marido, o presidente Néstor Kirchner, ao casal Bill e Hillary Clinton, que ocupou a Casa Branca de 1993 a 2001. "Nos EUA, democratas [partido dos Clinton] eram considerados maus administradores. Porém, foram os republicanos, que vieram depois, que criaram o déficit nas contas públicas. Igualmente, na Argentina, foram os liberais os maiores responsáveis pela crise [econômica] que atingiu o país."
Ela havia se encontrado com Bill Clinton pela manhã, em evento sobre mudança climática organizado por ele.
Cristina também comentou que Hillary e ela estão sofrendo um mesmo preconceito "machista". "Nunca perguntaram ao Kirchner qual era o meu papel no seu governo. Mas agora me questionam sobre qual seria a sua função na minha administração", comentou.
A senadora deixou claro aos empresários que um governo seu seria uma extensão do do marido. "Nos últimos quatro anos e meio, foi realizada uma política de desendividamento muito forte que vai continuar, com superávit fiscal, superávit comercial e reindustrialização", afirmou ela . "A política macroeconômica, construída com o esforço de todos, dá uma certeza e uma previsibilidade para os investidores."
Cristina explicou que o governo do marido em muito pouco tempo conseguiu tirar o país de uma crise "devastadora, que praticamente colocou a Argentina à beira da implosão". "Temos resultados concretos. O crescimento deste ano é o maior do último século. E havia 200 anos o país não avançava por cinco anos consecutivos como agora." Na sua opinião, "ganhar dinheiro não é pecado". Mas é preciso combinar a "renda empresarial com a rentabilidade social".
Cristina evitou o contato com jornalistas e, ao final do encontro, respondeu a apenas três perguntas -geralmente, em eventos desse tipo, o convidado responde a cerca de dez. As eleições argentinas serão em 28 de outubro.


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