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EUA punem Bolívia por "fracasso" na ação antidroga
Fim de programa de isenção sucede expulsão de embaixador
DA REDAÇÃO
O governo dos EUA anunciou ontem ter iniciado o processo para suspender o programa que concede à Bolívia isenção de tarifa na exportação de
itens ao mercado americano. O
motivo é a suposta falta de cooperação do país andino no combate ao tráfico de drogas.
É o primeiro anúncio concreto de corte de ajuda desde a expulsão, pelo governo Evo Morales, do embaixador americano em La Paz, Philip Goldberg,
no último dia 10, no ponto mais
baixo da conturbada relação bilateral. Morales acusou Goldberg de aliar-se à oposição para
conspirar contra o governo. Por
reciprocidade, os EUA também
expulsaram o embaixador boliviano em Washington.
O comunicado americano cita o aumento "notável" da produção de folha de coca na Bolívia e o "fracasso" do governo
em combater o tráfico. Argumenta que ações de La Paz "não
são as de um sócio e não cumprem normas" do programa.
O chanceler boliviano, David
Choquehuanca, disse que a medida é "política" e uma "agressão". Comparou a performance
antidrogas da Bolívia com a dos
países também beneficiados
pelo programa de isenção tarifária americano.
Além de Bolívia, fazem parte
da Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de
Drogas (ATPDEA, na sigla em
inglês) Colômbia e Peru -os
três são os maiores produtores
de folha de coca, base da cocaína, do mundo- e ainda o Equador, rota de narcotráfico.
Segundo os dados mais recentes da ONU, relativos a
2007, a área de plantio de coca
cresceu 5% na Bolívia, contra
4% no Peru (recentemente elogiado por Washington pelo
combate às drogas) e 27% na
Colômbia, a principal aliada
dos EUA na região.
Cifras e programas
Os empresários bolivianos
lamentaram a sanção, cuja implementação não é imediata e
pode ser revista, segundo o comunicado americano assinado
pela representante do Comércio Exterior, Susan Schwab.
Pelo programa, a Bolívia exportou US$ 268 milhões em
2007, principalmente têxteis e
jóias. A extinção da preferência
afetaria 40 mil empregos, estima o empresariado local.
No texto, Schwab não cita a
expulsão do embaixador americano, mas menciona a expulsão, em junho, de agentes antidroga e técnicos da agência de
cooperação Usaid da região cocaleira do Chapare, berço político de Morales. A acusação foi
a mesma: conspiração.
Atualmente, praticamente
toda a política antidrogas boliviana é custeada pelos EUA,
mas o governo Morales já
anunciou que busca outros parceiros, como a Rússia, cuja relação com o governo George W.
Bush está estremecida.
Apesar do anúncio, os EUA
acenaram que manterão os outros itens de ajuda ao país andino, estimada em US$ 100 milhões anuais. Em um memorando sobre cooperação antidrogas, no dia 16, Bush pôs a
Bolívia na "lista negra" do setor, mas disse que manter programas antidrogas no país é vital para os interesses americanos na região.
Com agências internacionais
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