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Embaixada entra em rotina própria com novos ocupantes
DO ENVIADO A TEGUCIGALPA
Ocupada desde segunda-feira por Manuel Zelaya e dezenas
de seus militantes, a embaixada
brasileira em Tegucigalpa aos
poucos começa a entrar numa
rotina. Sob a administração dos
hondurenhos, já há divisão de
tarefas para cozinha, limpeza e
vigilância, e aos poucos os alimentos, que estão chegando
diariamente, se acumulam em
vários estoques.
A superlotação continua sendo um problema: a casa de seis
banheiros, dos quais quatro
têm duchas, é pequena para as
63 pessoas que abriga, entre familiares de Zelaya, militantes,
jornalistas e quatro funcionários da embaixada -dois deles
são brasileiros.
O mau cheiro é uma constante nos banheiros da casa, apesar
do trabalho das equipes de limpeza, formadas só por mulheres -faltam produtos para a faxina. Além disso, a fila para tomar banho pode durar cerca de
uma hora.
Mas já há sinais de mais conforto. Anteontem, os jornalistas trocaram o chão frio por
colchões de ar trazidos por uma
organização humanitária.
Ao contrário dos primeiros
dias, a entrega de alimentos é
feita de forma diária desde
quarta-feira, geralmente perto
da hora do almoço e após uma
rigorosa inspeção feita por policiais e militares.
Em pior situação estão os militantes, amontoados nas salas
menores, na fria calçada do
quintal e em outros lugares
mais desconfortáveis. Já a família de Zelaya, que inclui a sua
mulher, Xiomara, seu filho José Manuel e a namorada dele,
dormem na ampla sala do embaixador, com um banheiro exclusivo para eles.
Outra parte bastante organizada é a da segurança. Os militantes se revezam em turnos de
três horas em locais estratégicos da embaixada brasileira.
Durante a noite, dois ficam na
laje da frente com os rostos cobertos e de posse de dois potentes refletores móveis.
Já o guarda privado da embaixada, hondurenho, tem se limitado a ficar na entrada da
embaixada, sem nenhuma função específica.
Até o Itamaraty já estabeleceu um rodízio. Ontem o ministro-conselheiro da missão do
Brasil na Organização dos Estados Americanos em Washington, Lineu Pupo de Paula, substituiu o encarregado de negócios em Honduras, Francisco
Catunda, no plantão na embaixada. A partir de amanhã, cada
um ficará por 24 horas no local.
Os funcionários hondurenhos da embaixada, que incluem um segurança, um técnico e um motorista, também terão um esquema de rodízio para descansar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito que Zelaya
poderá ficar na embaixada brasileira em Tegucigalpa por tempo indeterminado.
(FM)
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