São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

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Embaixada entra em rotina própria com novos ocupantes

DO ENVIADO A TEGUCIGALPA

Ocupada desde segunda-feira por Manuel Zelaya e dezenas de seus militantes, a embaixada brasileira em Tegucigalpa aos poucos começa a entrar numa rotina. Sob a administração dos hondurenhos, já há divisão de tarefas para cozinha, limpeza e vigilância, e aos poucos os alimentos, que estão chegando diariamente, se acumulam em vários estoques.
A superlotação continua sendo um problema: a casa de seis banheiros, dos quais quatro têm duchas, é pequena para as 63 pessoas que abriga, entre familiares de Zelaya, militantes, jornalistas e quatro funcionários da embaixada -dois deles são brasileiros.
O mau cheiro é uma constante nos banheiros da casa, apesar do trabalho das equipes de limpeza, formadas só por mulheres -faltam produtos para a faxina. Além disso, a fila para tomar banho pode durar cerca de uma hora.
Mas já há sinais de mais conforto. Anteontem, os jornalistas trocaram o chão frio por colchões de ar trazidos por uma organização humanitária.
Ao contrário dos primeiros dias, a entrega de alimentos é feita de forma diária desde quarta-feira, geralmente perto da hora do almoço e após uma rigorosa inspeção feita por policiais e militares.
Em pior situação estão os militantes, amontoados nas salas menores, na fria calçada do quintal e em outros lugares mais desconfortáveis. Já a família de Zelaya, que inclui a sua mulher, Xiomara, seu filho José Manuel e a namorada dele, dormem na ampla sala do embaixador, com um banheiro exclusivo para eles.
Outra parte bastante organizada é a da segurança. Os militantes se revezam em turnos de três horas em locais estratégicos da embaixada brasileira. Durante a noite, dois ficam na laje da frente com os rostos cobertos e de posse de dois potentes refletores móveis.
Já o guarda privado da embaixada, hondurenho, tem se limitado a ficar na entrada da embaixada, sem nenhuma função específica.
Até o Itamaraty já estabeleceu um rodízio. Ontem o ministro-conselheiro da missão do Brasil na Organização dos Estados Americanos em Washington, Lineu Pupo de Paula, substituiu o encarregado de negócios em Honduras, Francisco Catunda, no plantão na embaixada. A partir de amanhã, cada um ficará por 24 horas no local.
Os funcionários hondurenhos da embaixada, que incluem um segurança, um técnico e um motorista, também terão um esquema de rodízio para descansar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito que Zelaya poderá ficar na embaixada brasileira em Tegucigalpa por tempo indeterminado. (FM)


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