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Fim de moratória ameaça diálogo de paz
Jack Guez/France Presse
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Colonos judeus se preparam para iniciar escavação no assentamento de Kiryat Netafim, na Cisjordânia, pouco antes de expirar prazo damoratória
Ao expirar prazo de congelamento de colônias judaicas, líder palestino diz que conversas são "perda de tempo'
Premiê israelense descarta extensão de prazo, mas pede que palestinos continuem na mesa de negociação
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Horas antes de expirar a
moratória de dez meses para
construções nas colônias judaicas da Cisjordânia, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou em Paris que as
negociações de paz entre israelenses e palestinos serão
uma "perda de tempo". O
prazo expirou à 0h local de
ontem (17h em Brasília).
Mas Abbas também afirmou ontem ao diário em língua árabe "Al Hayat", sediado em Londres, que não considera em nenhuma hipótese
o retorno à luta armada.
Ele disse que pedirá instruções à Liga Árabe sobre como
proceder em relação ao diálogo de paz.
O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, descartou
uma renovação da moratória, mas pediu a Abbas que
continuasse com as negociações de paz.
Ao longo do dia, autoridades do EUA faziam esforço
para evitar o fim do diálogo.
Segundo a imprensa árabe, a secretária de Estado dos
EUA, Hillary Clinton, propôs
na semana passada que Tel
Aviv ampliasse a moratória
por mais três meses, mas Netanyahu não cedeu.
"Nossa política sobre a
construção de assentamentos não mudou", disse P.J.
Crowley, porta-voz do Departamento de Estado. "Estamos
fazendo tudo o que podemos
para manter as partes em
conversas diretas."
David Axelrod, figura próxima do presidente Barack
Obama, qualificou a situação
de urgente, em entrevista à
rede americana ABC.
Além de EUA, União Europeia, Rússia e ONU se opunham ao fim da moratória.
"RESPONSABILIDADE"
Antes de expirado o prazo,
Netanyahu havia pedido aos
colonos e à direita do país
"moderação e responsabilidade, a partir de hoje [ontem]". O premiê orientou
seus ministros a não falarem
sobre o tema e pediu que os
atos para celebrar o fim do
prazo sejam discretos.
Entretanto, milhares de
colonos se reuniram desde o
início da tarde de ontem na
colônia de Revava -a pé e
em cima de tratores, betoneiras e uma escavadeira- para
festejar o fim da moratória.
"A terra de Israel pertence
ao povo judeu", gritava Gershon Messika, um dos representantes dos colonos.
Atiradores não-identificados abriram fogo contra um
veículo israelense na Cisjordânia, poucas horas antes de
expirar o prazo. O motorista
ficou levemente ferido.
PRESSÃO SOBRE ABBAS
Mahmoud Abbas se encontra pressionado de ambos os lados: pela comunidade internacional, que pede
que prossiga nas negociações, e pelo movimento nacional palestino, que exige o
fim do diálogo.
O grupo islâmico palestino
Hamas quer que Abbas abandone de imediato as negociações. Segundo seu porta-voz,
Fawzi Barhum, "Netanyahu
quer usar o diálogo apenas
para dissimular".
Já a Frente Popular para a
Libertação da Palestina
(FPLP) anunciou ontem que
suspenderá sua participação
na Organização para a Libertação Palestina.
Apesar da tensão, Israel
afirma que não espera uma
onda de violência.
QUANDO
Israel comecou a construir os assentamentos após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando conquistou territórios que estavam sob controle de Síria (Golã), Egito (Gaza) e Jordânia (Cisjordânia e Jerusalém Oriental)
ONDE
Poucos meses depois da guerra, as construções tiveram início na Cisjordania e na faixa de Gaza. As colinas de Golan foram anexadas em 1981
QUANTOS
Até 2007, foram construídos 121 assentamentos na Cisjordânia, onde hoje vive uma população de 280 mil colonos, em meio a 2,5 milhões de palestinos. Em Jerusalem Oriental vivem outros 220 mil judeus.
Em Gaza havia 17 assentamentos até a retirada unilateral de Israel, em 2005
POR QUE
Os primeiros assentamentos eram parte do plano de seguranca israelense. Mas as construções logo foram incorporadas ao projeto ideológico da direita religiosa, que considera a Cisjordânia parte do "Grande Israel" bíblico
STATUS LEGAL
A ONU e a maioria dos especialistas em direito internacional consideram os assentamentos ilegais. Entre a comunidade internacional, o consenso é que a Cisjordânia deve ser desocupada para formar, junto com a faixa de Gaza, o futuro Estado palestino.
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