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O IMPÉRIO VOTA - RETA FINAL
Se Bush vencer a eleição, a tendência é manter seu atual "núcleo duro'; caso Kerry ganhe, ex-assessores de Clinton são cotados
EUA especulam sobre equipes de governo
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Uma eventual reeleição do presidente dos EUA, George W.
Bush, deve trazer mudanças de
nomes no primeiro escalão do governo, mas dificilmente no núcleo
de poder da Casa Branca.
No caso de uma vitória do democrata John Kerry, o governo
dos EUA será invadido novamente por políticos e técnicos que trabalharam para o ex-presidente
Bill Clinton (1993-2001).
Na área que mais interessa ao
Brasil hoje, a comercial, haverá
uma mudança importante qualquer que seja o vencedor.
O atual representante de comércio dos EUA, Robert Zoellick,
principal negociador do lado
americano da Alca (Área de Livre
Comércio das Américas), deve
deixar o cargo mesmo que Bush
seja reeleito na próxima terça.
Zoellick, que já foi chamado de
"sub do sub do sub" em uma crítica à Alca feita pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva na campanha
eleitoral de 2002, já anunciou sua
intenção de sair.
Ele chegou a ser cotado para
ocupar a vaga de secretário do Tesouro, mas o atual titular, John
Snow, deve continuar no posto
para consolidar a política de corte
de impostos de Bush.
Zoellick deve ser substituído pelo funcionário de carreira Grant
Aldonas, subsecretário do Comércio para assuntos internacionais e responsável por expandir as
exportações americanas.
As mudanças em um eventual
segundo mandato de Bush serão
provocadas mais por desejos voluntários de seus assessores.
Tido como fiel ao que chama de
"velhos sapatos", Bush não estaria pedindo a saída de quase ninguém, especialmente depois de
uma campanha vitoriosa.
Ao assumir, em 2001, Bush aumentou de 16 para 20 o número
de vagas em nível de secretários
(equivalentes a ministros no Brasil), embora nem todos usem essa
nomenclatura em seus cargos.
Zoellick é um dos exemplos.
Mas Bush tem pelo menos quatro pessoas próximas a ele que, na
prática, acabam ditando as políticas de seus secretários.
Dificilmente haverá qualquer
mudança nesse núcleo de poder,
que marca o estilo "empresarial"
de Bush governar com a ajuda de
"supervisores".
O principal assessor de Bush,
Karl Rove, por exemplo, chefe do
planejamento de toda a campanha presidencial, dita regras e
conselhos também nas áreas econômica e comercial.
Amiga pessoal do presidente, a
assessora de Segurança Nacional
da Casa Branca, Condoleezza Rice, tem ascendência sobre o Departamento de Estado, de Colin
Powell, que já manifestou interesse em deixar o cargo, e sobre o
Pentágono.
Rice poderá ser até eventualmente transferida para o Departamento da Defesa depois que o
atual titular, Donald Rumsfeld,
completar a reestruturação global
das forças americanas e tentar
controlar a situação no Iraque.
Nas áreas econômica, orçamentária e de segurança interna, que
também têm titulares próprios, a
supervisão é do vice-presidente
Dick Cheney. Outra amiga de
Bush, a texana Margaret Spellings, controla áreas como saúde
e educação.
Embora o lado democrata esteja
ainda mais preocupado em ganhar a eleição do que em montar
um governo, na ciranda de nomes
em volta de cadeiras importantes
já há vários ex-assessores do presidente Clinton.
Com a situação de caos no Iraque, guerra ao terror e alianças internacionais deterioradas, a prioridade é montar a equipe de política externa e de defesa.
A eventual escolha de Richard
Holbrooke, ex-embaixador de
Clinton nas Nações Unidas, para
o Departamento de Estado seria,
por exemplo, uma sinalização da
intenção de reconstruir alianças
arruinadas sob o atual presidente.
Na área da Defesa, dois dos cotados, os senadores John McCain
e Chuck Hagel, pertencem ao partido de Bush, o Republicano, que
é historicamente considerado
mais experiente em questões militares e de segurança.
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