São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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China convoca cúpula com africanos

País rejeita críticas de que ignora ambiente e corrução ao investir na África; 40 chefes de Estado estarão presentes

Encontro será realizado em Pequim, na próxima semana; investimentos chineses no continente somam US$ 6,7 bilhões


RICHARD McGREGOR
DO "FINANCIAL TIMES", EM PEQUIM

A China rejeitou críticas de que esteja ignorando os padrões de proteção ambiental e combate à corrupção em seu esforço para cortejar a África, às vésperas de uma conferência de cúpula sem precedentes, em Pequim, envolvendo mais de 40 líderes do continente.
A China anunciou ontem que todos os 48 países africanos convidados para a conferência de dois dias, na semana que vem, enviarão representantes, e que a maioria deles havia confirmado a presença de seus chefes de Estado.
Os cinco demais países dentre os 53 membros da União Africana que reconhecem (Taiwan) -e não Pequim- como representante legítima dos interesses chineses também foram convidados a enviar observadores.
A conferência de cúpula tentará fornecer lastro político a um relacionamento que se desenvolveu nos últimos cinco anos, propelido pela necessidade chinesa de matérias-primas, especialmente petróleo.
Mas a expansão chinesa na África também atraiu críticas por desconsiderar os abusos contra os direitos humanos em países como o Sudão e pela recusa de Pequim a adotar um extenso código quanto a padrões ambientais e sociais, seguidos por muitas instituições de crédito internacionais.
Wei Jianguo, vice-ministro do Comércio chinês, defendeu o envolvimento chinês com a África, alegando que os empréstimos em termos favoráveis, os projetos de infra-estrutura e os investimentos comerciais eram como "enviar lenha para uma região coberta pela neve".
"Os investimentos chineses beneficiaram amplamente as populações locais, e são populares entre elas", disse Wei. "E, comparados aos produtos ocidentais, os chineses oferecem melhor relação entre preço e desempenho, e atendem melhor às necessidades dos consumidores."
A China havia investido cerca de US$ 6,27 bilhões na África, até o final do ano passado, cerca de 10% do investimento internacional total na região. Pequim financiou portos, ferrovias e outros projetos de infra-estrutura. O maior impacto surgiu no comércio bilateral, que saltou de cerca de US$ 10 bilhões em 2000 para um total estimado em US$ 50 bilhões, em 2006. A balança comercial favorece ligeiramente a África, em termos bilaterais.
Angola, que superou a Arábia Saudita como maior país fornecedor de petróleo à China, e a África do Sul respondem por cerca de um terço dos US$ 50 bilhões. Segundo o Ministério do Comércio da China, 750 projetos foram completados em 49 países africanos com assistência chinesa e 58 projetos foram lançados em outros 26 países com empréstimos chineses.


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