DA REDAÇÃO

O livreiro texano Bill Buttler, 61, desembolsou ontem US$ 119,5 mil (cerca de R$ 210 mil) em um leilão para tornar-se o feliz proprietário de uma mecha de 8 cm do cabelo do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara.
Além dos cerca de cem fios queimados pelo sol, fotografias de Che e seus colegas mortos, impressões digitais, mensagens da guerrilha e mapas do Exército boliviano faziam parte do pacote leiloado pela Heritage Auction Galleries. Os itens foram recolhidos por um ex-agente da CIA, o cubano Gustavo Villoldo, 72, horas depois de o guerrilheiro ser morto em La Higuera, na Bolívia, há 40 anos.
Buttler fez o único lance do leilão, em Dallas, e arrematou o conjunto pelo valor mínimo. O livreiro, que coleciona objetos dos anos 60, agora pretende expor os itens em sua livraria, nos arredores de Houston. "Ele foi um dos maiores revolucionários do século 20", disse.

Cubano de Miami
Ao pegar a mecha, Villoldo diz ter pensado estar cortando "o símbolo máximo da Revolução Cubana". Além da captura de Che em 1967, ele participou da fracassada invasão da CIA à Baía dos Porcos, na costa sul cubana, em 1961. Ao "New York Times", disse que a venda dos fios "fecha um capítulo em seu esforço para acabar com o governo de Fidel Castro".
O ex-agente, que hoje vive em Miami, diz que poucas pessoas sabiam da existência dos objetos e que resolveu desfazer-se deles por estar "ficando velho" -seus filhos, diz, não se importam tanto com os itens históricos.
Villoldo ainda não tem planos para o dinheiro que obteve com a venda. À rede BBC ele disse que não doou os objetos a um museu por não ter achado "atraente" o tratamento que as instituições que contatou pretendiam dar à sua coleção.