|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
O IMPÉRIO VOTA
Latinos atacam plebiscito sobre maconha
Presidentes de México, Colômbia e outros países da região criticam possível liberação da droga na Califórnia
Líder colombiano diz
que a votação gerará
confusão na população
e cobra nova estratégia
de combate ao tráfico
GABRIELA MANZINI
DE SÃO PAULO
Palcos de milionárias operações militares americanas
de combate ao narcotráfico,
o México e a Colômbia capitanearam ontem críticas ao
Estado da Califórnia que, no
dia 2, irá decidir em plebiscito se libera o uso recreativo
de maconha.
Os dois países costumam
criticar a ambiguidade do poderoso aliado do norte que,
enquanto financia a guerra
antidrogas, seria leniente
com o consumo interno.
Conforme a Unodc, a
agência antidrogas da ONU,
os EUA são hoje o segundo
maior mercado de maconha
do continente, perdendo só
para o Canadá.
"É confuso para a nossa
gente ver que, enquanto perdemos vidas e investimos recursos na luta ao narcotráfico, em países consumidores
sejam promovidas iniciativas
como a do referendo da Califórnia", afirmou ontem o presidente Juan Manuel Santos,
da Colômbia.
"Se não atuarmos de forma consistente neste assunto, se tudo o que fizermos for
mandar nossos conterrâneos
à prisão enquanto, em outras
latitudes, se legaliza o mercado, então devemos nos questionar: não é hora de revisar a
estratégia?", completou.
Durante cúpula regional
realizada em Cartagena (Colômbia), Santos, seu colega
mexicano, Felipe Calderón, e
presidentes da América Central debateram formas de
cooperação.
"É, no mínimo, uma mensagem contraditória na luta
antidrogas", defendeu Laura
Chinchilla, da Costa Rica.
"Por um lado, um Estado populoso que originará consumo e, por outro, uma política
federal que impulsiona a perseguição a nossos países."
O hondurenho Porfirio Lobo previu consequências "funestas", no caso de legalização. "Em problemas graves
como o narcotráfico, é preciso chegar a acordos entre todos", pediu.
IMPACTO NA FRONTEIRA
"Estudos indicam que [a liberação] poderá aumentar o
uso, ao menos no curto prazo. Isso dá sinais conflitantes", avalia Robert Donnelly,
pesquisador do Instituto do
México do Woodrow Wilson
Center, de Washington.
"Mas o projeto na Califórnia autoriza ou permite o cultivo para o uso pessoal, não
abre a fronteira e nem acaba
com barreiras nacionais à entrada da droga", pondera.
Raul Benitez Manaut, do
Centro de Pesquisas da América do Norte da Unam (Universidade Nacional Autônoma do México), também minimiza o impacto da eventual liberação.
Para o pesquisador, mesmo com a vitória do "sim", a
procura não deve aumentar,
porque isso só "oficializaria
uma situação que já existe",
já que o consumo de maconha na Califórnia é "historicamente alto".
"Pode ter um impacto forte
na fronteira, em Tijuana, que
fica ao lado de San Diego, a
terceira maior cidade da Califórnia. Porém, em termos nacionais, é difícil de saber. Há
quem diga que será grande,
há quem diga que será baixo.
Do ponto de vista político, o
debate irá continuar."
O referendo legaliza o uso
e a plantação de maconha a
maiores de 21 anos e incumbe os governos locais de regular o comércio. Pesquisas
de intenção de voto indicam
que a diferença entre "sim" e
"não" é pequena, de cerca de
cinco pontos percentuais.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Especialistas dizem ter havido só coincidência Próximo Texto: Votação antecipada favorece Partido Democrata Índice | Comunicar Erros
|