São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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Haiti despeja desabrigados, dizem ONGs

Denúncia de que vítimas do tremor deixaram acampamentos vem na hora em que país enfrenta surto de cólera

Casos de morte por doença chegam a 284 desde o princípio da epidemia, mas crise está contida na capital

DE SÃO PAULO

Pouco mais de 28 mil desabrigados haitianos, vítimas do terremoto de janeiro, teriam sido obrigados a sair à força de acampamentos em terrenos particulares.
A denúncia foi apresentada ontem por ONGs à CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos).
Segundo a ONU, após o tremor de 12 de janeiro, haitianos desabrigados se estabeleceram em pelo menos 1.268 acampamentos -a maioria deles na região da capital, Porto Príncipe.
O problema das expulsões foi oficializado em agosto pelo representante do secretário geral da ONU, Edmond Mullet. O jornal americano "New York Times" afirmou em reportagem que 140.175 desabrigados já sofreram ameaças de despejo e 28.065 foram retirados à força.
O número de desabrigados vivendo em acampamentos chega a 1,3 milhão.
Segundo a ONU, muitos donos de terrenos oferecem dinheiro para que os desabrigados partam ou formam grupos para retirá-los à força.
As tropas da ONU patrulham apenas os acampamentos maiores, mas não mantêm segurança permanente na maioria deles.
Mario Joseph, da organização Escritório de Advogados Internacionais, uma das entidades que apresentou as denúncias, disse que autoridades do governo, senadores, juízes e policiais haitianos são coniventes com as expulsões forçadas.
Segundo ele, os desabrigados são vítimas de ameaças de morte, abusos sexuais, agressões físicas e destruição de suas tendas.
As organizações solicitaram à CIDH que mande uma equipe ao Haiti para verificar as violações.

EPIDEMIA
O número de mortes por cólera voltou a subir no Haiti entre anteontem e ontem -chegando a 284. Foram 25 novos casos desde a contagem anterior.
Entre domingo e segunda-feira, o número de casos novos foi menor: apenas nove. Os internados somam 3.612.
A ONU teme que "dezenas de milhares" possam ficar doentes no país e se esforça para impedir o alastramento da doença na capital -onde estão os acampamentos. Ontem, exames mostraram que apenas um dos cinco casos suspeitos em Porto Príncipe era realmente cólera.


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